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A palavra comprometimento está na moda do futebol brasileiro.

Ela veio embarcada na Lei Pelé que, mesmo com inovações e avanços nas relações trabalhistas entre atletas e clubes, apresenta algumas deformidades que precisam ser corrigidas antes que seja tarde demais. Pois estão matando a galinha dos ovos de ouro.

Uma dessas deformidades é o tal comprometimento a que se referem dirigentes e técnicos com boa dose de razão.

Acontece que o garoto com vocação para a prática do futebol é fascinado pelas promessas de agentes oficiais ou empresários de fundo de quintal logo que começam a dar os primeiros chutes na bola.

Basta o menino possuir algumas virtudes e potencial para evoluir na carreira para algum olheiro avisar o intermediário e, este, aparece para oferecer benefícios aos pais do futuro jogador. Da casa ao carro – e a outros tantos mimos – o jogador passa a ser propriedade particular do procurador que o coloca em algum clube.

O mais grave é quando, dentro do próprio clube, o jogador é seduzido por algum dirigente ou funcionário travestido de empresário.

Grave porque atrapalha o desenvolvimento do atleta, sendo que diversos técnicos das categorias de base têm culpa no cartório. Alguns deles ficam mais preocupados em descobrir um novo Ronaldo ou Romário do que trabalhar nos fundamentos. Por isso, a grande maioria dos jogadores chega ao time principal com princípios rudimentares, mal sabendo dominar a bola ou mesmo como desempenhar as funções básicas do jogo.

Mal orientados, com educação deficiente e sem o caráter profissional formado, eles sofrem o açodamento daqueles que desejam faturar em cima do novo talento. Acabam se tornando estrelas muito cedo e, conseqüentemente, ganhando grandes quantias em dinheiro, o que os tornam figuras difíceis, complicando a ação dos técnicos principais.

Como vivem em torno de promessas e sonhos de jogar no exterior, acabam alternando boas e más apresentações, desgastando-se aos olhos do público.

Os técnicos sentem muitas dificuldades para trabalhar a cabeça dos jogadores mais valorizados, os quais acabam não respeitando o compromisso que assumiram ao assinar o contrato com o clube. Pois só pensam em ir para o exterior, agravando a falta de comprometimento tão em voga no atual futebol brasileiro.

O fenômeno não é exatamente novo, mas hoje talvez seja o responsável por esta imensa pobreza técnica que tomou conta dos nossos times.

O Campeonato Brasileiro está pegando fogo pelo equilíbrio de forças, mas não pelo brilho técnico das equipes.

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EFABULATIVO: Quando diretor de futebol do Coritiba o advogado Domingos Moro ouviu do antigo ídolo Krüger a respeito do assédio dos empresários sobre os jogadores:

– Vai chegar o dia em que eles correrão às maternidades para formalizar contratos com os pais no dia do nascimento da criança.

carneironeto@gazetadopovo.com.br

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