O futebol mudou bastante nas últimas duas dé­­cadas. Só não posso afirmar se foi para melhor.

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Com a evolução dos rígidos sistemas de marcação, defesas cerradas, congestionamento de brutamontes brigando pela posse de bola no meio de campo e impressionante velocidade, o jogo tornou-se feio e amarrado.

Por isso todos celebram quando temos uma goleada, o surgimento de algum craque ou mesmo algum jogador diferenciado.

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Desapareceram os ponteiros e os meias armadores criativos, dando lugar a uma geração sarada que corre mais do que a bola, e joga menos com a cabeça.

O drible, a finta ou a busca do gol com obstinação tornaram-se raridade. O que era comum no futebol do passado – até a metade da década de 1980 – foi se tornando raridade, daí a empolgação quando surge um craque da estatura técnica de Neymar. Só que, antigamente, o futebol brasileiro produzia dezenas de jogadores criativos a cada temporada e agora a fonte não jorra tanto.

Desde os infantis, os candidatos a jogadores são orientados a dar valor ao condicionamento físico, à alimentação e, no campo, à marcação e à disciplina tática. O menino bom de bola está perdendo espaço, tendo em vista a obsessão dos técnicos das categorias de base dos clubes e das escolinhas em privilegiar os fisicamente bem dotados.

Só que há uma contradição nisso, tendo em vista que o grande mercado mundial do futebol anda atrás de craques e não de atletas fortões. A Europa anda cheia de jogadores saudáveis, altos e fortes, daí o interesse pelos habilidosos africanos ou os geniais craques sul-americanos.

A contradição está no fato de que, da forma como a juventude futebolista brasileira vem sendo preparada, poucos conseguirão encontrar o eldorado europeu.

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Em vez de prepararmos o virtuose – o jogador com arte e habilidade –, estamos criando candidatos para concurso holandês de vaca premiada.

O time da Copa

Se ninguém se lesionar, o time de Dunga está escalado. Foi o que iniciou o amistoso com a Irlanda, com Luís Fabiano no lugar de Adriano.

O ex-atleticano Michel Bastos agradou na ala esquerda, se bem que André Santos não decepcionou quando teve oportunidade. Por falar em oportunidade, quem se saiu bem nos 15 minutos de fama foi o atacante Grafit­­te, em grande forma. Mas Nilmar tem preferência pelo que mostrou nas partidas anteriores.

O torcedor deve se acostumar com a ideia de que não temos uma grande seleção, mas uma equipe entrosada, estruturada na defesa, forte no contra-ataque e que joga com muita garra. Não adiantou nada ter um time re­­cheado de craques na Copa passada, mas com muita gente mal condicionada e, sobretudo, sem garra para chegar ao título.

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A África do Sul será palco de uma Copa do Mundo equilibrada, com cinco candidatos fortes: Brasil, Espanha, Inglaterra, Itália e Argentina.