Quem vai ao aeroporto Afonso Pena sabe que terá pela frente um engarrafamento que se inicia na Avenida das Torres e aumenta ao se aproximar de São José dos Pinhais.
Os emergentes que não podem andar de helicóptero novo rico que se preza tem helicóptero na garagem precisam de grande dose de paciência no tráfego e na fila que enfrentam no pequeníssimo estacionamento do aeroporto. Lá dentro, as tradicionais filas e o costumeiro mau atendimento das companhias aéreas.
Como foi noticiado que o nosso principal aeroporto será apenas maquiado para a Copa de 2014, mantendo-se os longos períodos de fechamento, dá para pensar no que disse o senador Alvaro Dias, para o qual o Brasil deveria agradecer a atenção da Fifa, pedir desculpas e desistir de promover o grande evento do futebol mundial.
Em um país onde o veterano presidente do Senado propõe um plebiscito oportunista para proibir o comércio de armas em vez de propor um projeto de verdadeiro combate ao contrabando de armas, ao comércio de drogas e à criminalidade em geral, não dá para acreditar na realização de uma Copa do Mundo de acordo com o figurino.
A consulta pública não passa de cortina de fumaça para desviar a atenção dos grandes problemas de segurança pública.
Agora chegou a informação de que o governo federal vai propor um projeto de lei para regras mais flexíveis nas obras da Copa e da Olimpíada. É a famosa LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias), que deixou a turma do superfaturamento eufórica.
Comenta-se que as tabelas de preços usadas nas licitações seriam mais elásticas.
O TCU (Tribunal de Contas da União), que tem a missão de fiscalizar as obras públicas, precisa ficar com os olhos bem abertos para que não sejam repetidos os escândalos verificados nos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro.
A presidente Dilma Roussef tem oferecido sinais de preocupação com as finanças do país e o ministro da Fazenda tem suado a camisa para manter-se como titular na equipe de governo.
A economia é uma ciência complexa e que envolve muitos fatores, daí o equilíbrio que os responsáveis pela moeda e pela saúde financeira do país devem ter no controle dos gastos públicos e, sobretudo, dos investimentos. E a Copa do Mundo é um investimento que envolve bilhões de reais.
O Brasil se acostumou a "milagres", economistas mágicos, carismáticos, que, com uma fórmula infalível, reviravam a economia e a sociedade do lado do avesso.
Felizmente, com a implantação do Plano Real há 16 anos, o país entrou nos trilhos e não pode correr o risco de perder o rumo pelo excesso de gastos com ações populistas, eleitoreiras ou, no caso, de efeito esportivo, para sensibilizar a apaixonada torcida brasileira.
O Brasil não precisa mais de taumaturgos nem de salvadores da pátria, mas de governantes responsáveis e competentes.
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