Nos bons tempos dos terrenos baldios a gurizada jogava futebol todos os dias.

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A bola corria de pé em pé. Podia ser bola de pano, de borracha ou de couro. As chuteiras eram raras e a maioria jogava com qualquer calçado ou descalço mesmo.

As traves também eram raras e improvisava-se rapidamente com um montinho de calças e camisas, ou algumas pedras juntadas nas redondezas. O campo não era marcado, no máximo desenhava-se a grande área riscando uma vara no chão de terra batida ou gramado ralo, especialmente onde ficava o goleiro. Pois é, até hoje a grama não cresce embaixo da meta. Dizem que a posição de goleiro é amaldiçoada pelos deuses do futebol e, por isso, onde ele pisa nem o relvado resiste.

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Um dos momentos mais fascinantes da pelada, de onde, aliás, saíram todos os craques que construíram a grandeza do futebol brasileiro, era a escolha dos times.

Por intuição, quando não conheciam todos os jogadores, os líderes de cada time escolhiam aqueles que levavam mais jeito para a coisa. Normalmente o cobra não se metia a capitão, pois sabia que seria o primeiro na escolha e ficava fora da roda, batendo bola com os outros considerados bons.

O último a ser escolhido sempre era o goleiro: “Oh, Gordinho, você está escalado para jogar no gol !”.

E os piores sempre jogavam de goleiro. Talvez por isso goleiro tornou-se uma posição solitária. Mas se o grosso jogava só para defender, de vez em quando aparecia um garoto com vocação para a arte e se destacava pela estatura, elegância, elasticidade e, sobretudo, pela liderança. Os mais carismáticos fizeram história.

O atacante pode driblar ou perder gols que ninguém reclama. Basta o goleiro sofrer um gol, mesmo depois de ter praticado dez defesas difíceis, que é crucificado pela torcida. Mas parece que jogar embaixo das balizas é um barato.

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Basta observar a idolatria em torno de Weverton, que defendeu um pênalti na decisão com a Alemanha e garantiu a conquista da primeira medalha de ouro olímpica para a seleção brasileira.

Sem a sua defesa, o gol de Neymar apenas daria sequência à série de penalidades máximas até que o goleiro defendesse, ou um atacante chutasse para fora.

De Caju a Weverton, o Atlético tem um histórico de grandes arqueiros.

Antes mesmo do antológico Caju – Alfredo Gottardi – teve o seu irmão mais velho, Alberto, que foi considerado um porteiro de primeira.

Depois de Caju – a Majestade do Arco, vieram, pela ordem de entrada na ribalta atleticana, Laio – a Fortaleza Voadora, William, Marco Aurélio, Picasso, Roberto Costa – o Mão de Anjo, Rafael, Marolla, Ricardo Pinto, Flávio – o Pantera, até Weverton – o goleiro de Ouro.

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