O time do Atlético, mesmo aos trancos e barrancos, vinha mantendo a compostura no Campeonato Estadual e na Libertadores. Os resultados apertados, tipo meio a zero, mantinham as aparências e a torcida satisfeita.
Apesar do futebol pobre, lutou e teve sorte nos confrontos com o Paraná e mais sorte ainda quando achou um gol no final do jogo em Londrina e levou a decisão das semifinais para os pênaltis.
Nas finais, entretanto, desandou a maionese artesanalmente preparada pelo “mestre cuca” Paulo Autuori.
O incensado planejamento, cantado em prosa e verso pela comissão técnica, ruiu na semana que passou: duas goleadas em casa e a perda do título paranaense depois de um insosso empate sem gols com o Coritiba.
Mas, pelo menos na última apresentação, o Furacão conseguiu jogar com mais determinação, já que nas goleadas para o Coxa e o San Lorenzo a torcida, horrorizada, assistiu a um retorno ao passado nos tempos de Cristóvão com a equipe taticamente desorganizada, sem inspiração e, mais grave, despida de garra.Pachequinho e Aguirre destruíram o esquema de Autuori por causa do meio de campo.
Fiquemos apenas com o primeiro Atletiba decisivo, já que no confronto com os argentinos verificou-se uma simples repetição de procedimentos. Enquanto Alan Santos, Matheus Galdezani e Anderson organizaram o setor do time coxa-branca com eficiência técnica e rapidez, nenhum dos volantes ou armadores do mesmo setor, no Atlético, deu a impressão de que se tratava de homem de criação.
O sistema de armação revelou-se lento e incapaz de dar equilíbrio para proporcionar situações favoráveis aos atacantes. Estes, por sua vez, que se arrastam desde o início da temporada pela infelicidade das escolhas feitas pela diretoria e também pela longa inatividade de Pablo, ficaram condenados ao mais completo isolamento numa luta inglória – e solitária – com quatro e até cinco defensores do Coritiba ou do San Lorenzo.
Com um elenco sabidamente limitado, tanto na parte técnica quanto, principalmente, no aspecto físico, Autuori enfrentará dificuldades para juntar os cacos e recompor a formação para três partidas seguidas fora de casa em três competições diferentes: Copa do Brasil com o Santa Cruz, Campeonato Brasileiro com o Bahia e Libertadores com o Universidad Católica.
A sensação é de que só resta um caminho: de volta para o futuro. Ou, por outra, a execução prática, ao pé da letra, da teoria defendida com rara eloquência verbal pelo experimentando treinador atleticano. Tudo o que foi planejado precisa se tornar realidade para que o time não entre em colapso no meio do ano com mudanças radicais e o clube saindo às compras atrás de jogadores que signifiquem, efetivamente, reforços para cumprir um calendário ao mesmo tempo duro e altamente rentável desde que os bons resultados reapareçam.
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