A vontade de poder, quando prevalece sobre os demais impulsos, conduz inexoravelmente à corrupção e à destruição. Por isto, Agostinho de Hipona, na Cidade de Deus, disse que a autoridade de um poder político não pode jamais ser absoluta. Mesmo no pensamento medieval do direito divino dos reis se submetia a certas limitações fundamentais.
Tomás de Aquino afirmou que os homens são obrigados a obedecer às autoridades seculares, mas ressalvou que a obediência se restringe às leis da justiça e que, por conseguinte, os súditos não têm obrigação de obedecer a uma autoridade injusta e usurpada.
Carlyle dizia que quando um homem começa a mentir, como Napoleão em seu último período, deixa imediatamente de ser herói.
A História procede como se fosse uma gangorra, onde o que hoje está em cima pode cair amanhã, e vice-versa, ao sabor das próprias atitudes.
Os brasileiros acompanham com emoção e pouca piedade o destino da classe política que afundou o país na sua maior crise de todos os tempos com a malversação das riquezas do Estado.
Mas é em O Príncipe, de Maquiavel, que as lutas políticas encontram sua explicação mais realística. O jogo político, ensinou o mestre de Florença, sempre se joga com fraude, com engano, traição e delito. Ele não censurava nem recomendava estas coisas. Sua única preocupação era encontrar a melhor jogada – a que ganha o jogo.
No poder, os políticos podem crescer ou murchar, dependendo das circunstâncias e da capacidade de enfrentar os fatos históricos com coragem e determinação. Alguns são julgados ainda durante seu mandato, outros comparecem ao encontro mais tarde; mas ninguém escapa ao julgamento da História.
O poder tem esta capacidade: empurra o político para a frente ou para o limbo. Nos Estados Unidos, Lincoln, advogado chicanista, participante de uma campanha eleitoral condenável, cresceu de forma definitiva quando a situação nacional exigiu dele o refinamento da potencialidade, e ele pôde, no auge da sua inteligência, em Gettysburg, num discurso de poucas linhas, conclamar a união do país dividido pela guerra civil, reclamando o governo para o povo.
No Brasil dos nossos dias, quando a população mostra-se cética de seus dirigentes, por falta de postura e um projeto nacional, a esperteza parece imortal.
O presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, aquele que não sai do país por receio de ser detido pelo FBI, como aconteceu com o antecessor José Maria Marin, deu um golpe nos clubes ao mudar os estatutos da entidade de olho nas próximas eleições.
Triste cenário de um futebol que se recupera dentro do campo, mas permanece corrompido no tapetão.