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Quem gosta de futebol acaba assistindo um pouco de tudo o que passa na televisão. Ou, por outra, fuça a programação para descobrir as partidas que vão ser exibidas naquele dia e, dependendo do caso, não se cansa de cutucar o controle remoto para ver dois jogos ao mesmo tempo. É o meu caso, por compromisso profissional, quando os nossos times jogam no mesmo horário em canais diferentes.

Quem gosta de futebol convenceu-se de que existe enorme desproporção entre as partidas disputadas no continente sul-americano com os campeonatos e torneios europeus. A diferença técnica é tamanha que simplesmente não dá para comparar o que se assiste à tarde, durante as exibições de Barcelona, Chelsea, Real Madrid, Bayern e outros com o que é mostrado à noite pelas equipes brasileiras e dos países hermanos.

Mas essa flagrante e, aparentemente, irreversível desigualdade tem tudo a ver com a maior organização, seriedade e poder econômico do futebol europeu. Enquanto as federações se transformaram em ligas e a Uefa modernizou-se, arrastando com ela todos os clubes, que também passaram a gerir os seus negócios com coerência e responsabilidade, por aqui ainda impera a politicagem na CBF e nas carcomidas federações, com eleições suspeitas e tumultuadas. Com a inexplicável conivência dos grandes clubes.

Lá, como aconteceu anteontem com o Parma, da Itália, quando o clube quebra para de jogar e o presidente vai para a cadeia. Aqui, o governo ajuda os clubes mal administrados alongando os prazos para o pagamento de dívidas milionárias. A globalização atingiu a inédita marca de 45% dos jogadores que atuam nas principais ligas da Europa ser estrangeiros.

O processo que se iniciou há 30 anos transformou os campeonatos nacionais em verdadeiros torneios internacionais, criando novas lógicas de mercado e consolidando definitivamente a Europa no centro do poder da bola. Mas esse fenômeno tem um custo e especialistas da Fifa apontam que a internacionalização excessiva esta minando o futebol italiano, inglês, espanhol e francês com desempenhos fracos na última Copa do Mundo.

Entre os estrangeiros, a liderança, que por mais de 20 anos foi do Brasil, hoje pela primeira vez mudou de mãos. São os jogadores franceses os que mais atuam na elite do futebol europeu. O Brasil aparece na segunda posição, empatado com a Argentina. O apelo comercial para conquistar patrocinadores e abrir novos mercados pelo mundo mexe com a imaginação de dirigentes e publicitários. Para ganhar destaque entre os asiáticos, mais de um clube opta por colocar em seu time um “craque japonês”.

Antes de conquistar o Torneio da Morte, o Atlético saiu na frente e contratou um jogador indiano. Sabe como é, o time é fraco, mas o marketing precisa ser forte.

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