No começo os torcedores eram desorganizados, porém educados, fiéis e participativos.
No final da década de 60, começaram a aparecer as torcidas organizadas, tendo como célula mater o Maracanã.
Maior estádio do mundo na época, o encantador templo do futebol brasileiro recebeu desde a inauguração a famosa "Charanga do Jaime", criada na campanha do primeiro tricampeonato carioca do Flamengo, na década de 40, levantando a maior torcida do país.
Os outros clubes copiaram a ideia e passaram a contratar bandinhas e escolas de samba para animar os jogos em todos os estádios. Virou mania nacional misturar o futebol com samba, ou marchinhas que motivassem os torcedores.
Aqui no futebol paranaense, desde os tempos das arquibancadas de madeira no estádio do Coritiba ou na antiga Baixada do Atlético, as bandinhas se destacaram entoando o hino do clube e musicas alegres em geral. O Ferroviário sempre contou com os sambistas do bairro que se identificavam com o time projetando a futura escola de samba Colorado.
Historicamente, os primeiros resquícios de torcidas organizadas deram-se em 1949, durante a esplêndida campanha do Furacão, quando um grupo de jovens torcedoras do Atlético passou a frequentar a Baixada todas uniformizadas com as cores rubro-negras, portando cartazes que incentivavam os jogadores.
As primeiras bandeiras foram lançadas pela dupla Atletiba durante o Campeonato Paranaense de 1968, na revolução implantada por Jofre Cabral e Evangelino Neves aumentando a voltagem da rivalidade entre os dois times. Havia desfiles de bandeiras antes dos jogos pela Boca Maldita e ruas da cidade, mas com respeito entre as torcidas nos estádios.
A coreografia, os fogos e os papéis picados eram organizados pelos próprios clubes, por meio de seus departamentos de relações públicas.
Hoje, com o cerco cada vez maior às torcidas organizadas, diante das barbaridades cometidas nos últimos tempos, os clubes cansaram de tantos problemas criados dentro e fora dos estádios e elas estão com os seus dias contados.
Que voltem as bandinhas para animar as torcidas desorganizadas.
EFABULATIVO: O Água Verde sucessor do Savoia e antecessor do Pinheiros caminhava para a conquista do seu primeiro titulo em 1967 sob o comando do técnico Geraldo Damasceno, que havia sido bicampeão pelo Ferroviário e voltou a ser campeão pelo Atlético em 1982, quando o conselheiro Waldomiro Perini contratou uma bandinha para animar os jogos do time.
Logo na estreia, em uma partida com o Jandaia, a furiosa entrou em ação e o patrono Orestes Thá levantou-se e mandou parar tudo: "Eu gosto de ver futebol sem barulho nos meus ouvidos!"
No dia seguinte, o grande benemérito do Água Verde foi convencido de que uma musiquinha até ajudava os jogadores em campo. E a bandinha voltou a tocar até a conquista do título de campeão.