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Nem mesmo os garotos que disputam a Copa São Paulo de Juniores conseguem escapar da ditadura dos técnicos: todos os times jogam, rigorosamente, engessados pelos sistemas táticos. Menos mal que, de vez em quando, algum jogador sai da cartilha e aplica um drible desconcertante, dá um chapéu ou tenta uma jogada de efeito.

Acontece que, com a drástica diminuição dos campinhos de pelada dos quais saíram milhares de craques, surgiram as escolinhas particulares ou dos principais clubes.

As escolinhas, como o nome diz, pressupõem a existência de professores – e foram esses professores de futebol, por mais paradoxal que pareça, que quebraram o relacionamento natural do menino com a bola.

Interromperam o desenvolvimento da habilidade dos jogadores para impor o seu credo: tática, preparação física, competição, foco, objetivo e o diabo a quatro. Em vez de artistas da bola, passaram a criar gladiadores.

Hoje em dia, os técnicos alcançaram tamanha reputação que muitos não conseguem dominar a vaidade e não admitem que um jogador habilidoso seja mais estrela do que eles.

Consequentemente, o que se vê hoje, dentro de campo jogando futebol, não são seres humanos com vontade e personalidade próprias, mas simples robôs guiados pelo controle remoto dos técnicos, à margem do campo. Sem liberdade para criar, o jogador está se tornando burocrático, joga apenas para agradar ao técnico e permanecer como titular. Mesmo porque, se algum talento – como Marlos, do Coritiba, por exemplo – sai um pouco do figurino, acaba indo para a reserva.

Por isso, o futebol não é mais tão atraente nem para os jovens jogadores nem para os espectadores. Do jeito que está, parece que o futebol está atraente apenas para os técnicos em campo e para os tecnocratas do comentário nas emissoras de rádio e televisão.

Operário de volta

Graças à eficiente tese de defesa preparada pelo advogado Domingos Moro, um dos mais requisitados da justiça esportiva do país, o Operário Ferroviário poderá disputar o Campeonato Paranaense da Segunda Divisão.

O STJD decidiu reverter a punição imposta em primeiro grau, pelo TJD local, e autorizou o clube de Ponta Grossa a voltar a campo para tentar conquistar um lugar na elite do futebol paranaense.

A grande torcida operariana comemorou a decisão e promete lotar novamente Vila Oficinas nos jogos do Fantasma dos Campos.

Efabulativo: De tanto ouvir falar em AI-5 – em 2008 registrou-se 40 anos de promulgação do Ato Institucional que recrudesceu o período revolucionário do país –, o ex-jogador Picolé explicou a um torcedor menos avisado sobre o assunto:

– Meu amigo, esqueça a política e ponha na cabeça que AI-5 é o novo esquema tático do Atlético para fugir da degola no Campeonato Brasileiro.

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