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O futebol brasileiro encontra-se em verdadeira encruzilhada: ou rompe com o passado obscuro ou inicia nova vida, adotando medidas concretas de transparência na gestão dos clubes. Os dirigentes reclamam da falta de dinheiro, mas nem todos aprovam os termos da Medida Provisória do governo para o saneamento financeiro das associações.

Enquanto ainda estavam fortes, Fifa e CBF promoveram um alvoroço contra a MP, acusando-a de ser intervencionista. Com o tsunami que se abateu sobre os cartolas, eles baixaram a bola e o presidente Marco Polo Del Nero recebeu os clubes com salamaleques e promessas de amor eterno.

As medidas que incomodam a CBF – diante do cenário assustador provocado pelo FBI, a polícia federal americana – passaram a ser moedas de negociação por parte do senhor Del Nero. São elas: a limitação de quatro anos de mandato, com direito a apenas uma reeleição; e a garantia de participação de atletas nos colegiados de direção e nas eleições para os cargos da entidade.

Programas semelhantes a chamada Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte foram testados pelo mundo afora, mas nem todos funcionaram a contento.

Na Europa, a Uefa criou o Regulamento de Licenciamento de Clubes e o Fair Play Financeiro, medidas que punem os clubes que estejam devendo a seus atletas ou ao governo, proibindo a participação em competições continentais.

Na Espanha, uma lei de 25 anos atrás determinou que os clubes se transformassem em sociedades anônimas – Real Madrid e Barcelona não foram incluídos. Como contrapartida o governo zerou as dívidas fiscais federais das equipes. Atualmente os clubes espanhóis estão novamente endividados e alguns até já fecharam as portas.

Pelas declarações durante a semana dificilmente teremos uma liga independente no futebol brasileiro. Os gestores dos clubes só pensam em alterar a divisão do dinheiro pago pela televisão, em eliminar os jogos às 22 horas e, sobretudo, em continuar no poder.

Eles não estão errados em relação a distribuição da verba televisiva que contempla Flamengo e Corinthians de maneira desproporcional. Futebol não é novela e o público em geral quer assistir jogos do time que está apresentando o melhor espetáculo o que, no momento, não é o caso da dupla mais popular do país.

A questão do horário deve ser levada em consideração, porém persistem dúvidas quanto ao cumprimento do que for acordado com o governo, mesmo tendo os clubes diversos privilégios em relação aos demais devedores que recorrem aos Refis.

Portanto, nada indica que grandes mudanças ocorrerão e muito menos que o socorro aos clubes de futebol será o último da história.

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