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Encerra-se hoje a primeira fase do arrastado Campeonato Paranaense e o seu futuro depende das decisões que serão tomadas pela Justiça Desportiva.

O campeonato, que poderia ser uma disputa atraente não só para o torcedor, mas também para diversos patrocinadores, está inchado pelo excessivo número de participantes.

Como o nosso futebol não possui 16 clubes em condições de figurar na Primeira Divisão – o campeonato deveria contar no máximo, e com apreciável dose de boa vontade, com 12 times –, tudo começou de forma equivocada e, como se sabe, pau que nasce torto, morre torto.

Aí está o Campeonato Paranaense à beira de virar chanchada.

Lembram-se da chanchada? Era um gênero de fazer filmes entre o musical e a comédia, bem carioca, brasileiríssimo por excelência, metáfora de uma época. De vez em quando mato a saudade das chanchadas no Canal Brasil, da Net. Lá está um Rio de Janeiro e um Brasil que não existem mais. Oscarito e Grande Otelo faziam uma comunicação de massa consagrada pelos programas humorísticos e pelas novelas da Rádio Nacional, o teatro-revista da Praça Tiradentes e os shows do Cassino da Urca, as comédias cinematográficas carnavalescas que representavam fenômenos culturais da Cidade Maravilhosa durante os governos de Getúlio Vargas, Eurico Gaspar Dutra e Juscelino Kubitschek.

As chanchadas tinham ritmo e graça, ao contrário do que se verifica atualmente no futebol paranaense no qual as chanchadas são promovidas pelos cartolas da Federação, alguns cartolas de clubes, auditores do tribunal esportivo e, sobretudo, árbitros e bandeirinhas.

A chanchada do futebol paranaense é sem graça e só causa decepção ao público e prejuízo aos clubes.

Não se compreende como é que instituições tradicionais como o quase centenário Coritiba, o nonagenário Rio Branco, o octogenário Atlético, o respeitado Paraná, o importante Londrina e outros, se submetam ao sistema que prevalece na Federação Paranaense de Futebol.

Há muito tempo a imprensa vem apontando os erros, as falhas e a completa ausência de responsabilidade nas relações do futebol paranaense. Nada foi feito e os clubes têm sido coniventes reincidentes com a sucessão de acontecimentos que atingiram níveis insuportáveis nesta temporada.

A promiscuidade tomou conta das estruturas do futebol paranaense e, se não houver uma completa transformação, dificilmente o campeonato estadual voltará a ser uma promoção interessante e rentável.

Tudo parece conspirar contra o sucesso da competição que sobrevive, única e exclusivamente, graças à rivalidade entre as torcidas e a sua própria história, enriquecida apenas pelos fatos registrados em passado remoto.

É profundamente lamentável que um estado rico e próspero como o Paraná não consiga reunir um grupo de esportistas capaz de resgatar a respeitabilidade do seu futebol profissional.

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