Foram colocados na mesa dos debates dois impressionantes episódios para quem defende a ética na prática esportiva: a delação premiada de Nelsinho Piquet no automobilismo e a simulação de Wellington Silva no futebol.
Muito menos grave foi o erro do atacante do Paraná que, ao esticar o braço e marcar o gol da vitória no Ceará, simulou com a intenção de ludibriar a arbitragem, prejudicando o adversário que participava de uma disputa justa dentro das regras internacionais do futebol. Simular, como se sabe, é fazer parecer real o que não é.
Mas o jogador do Paraná é mais uma vítima da forma errada como são preparados e condicionados os jogadores desde as categorias de base em nosso país. Eles são incentivados a jogar com dureza, marcar com firmeza, mesmo que, em algumas situações, de forma violenta. Não raras vezes, são orientados a burlar as regras em benefício do time que defendem. Daí a grande diferença entre o nível disciplinar entre o futebol sul-americano e o europeu.
Anda faltando "fair play" no futebol da linha de baixo do Equador. Os jogadores querem intimidar os árbitros e dirigir as partidas disputadas em verdadeiro clima de guerra. Acredito que Wellington Silva dificilmente escapará de uma punição no tribunal da CBF.
Mas o que dizer das corridas da Fórmula 1, onde o que mais se observa é a deslealdade, até mesmo entre companheiros de uma mesma escuderia? Sem esquecer das tramoias que já foram produzidas para beneficiar pilotos na busca do título da temporada.
Muito mais grave foi a atitude traiçoeira do piloto Nelsinho Piquet que, para vingar-se do diretor Flavio Briatore, da Renault, aceitou fazer uma delação premiada ao órgão máximo do automobilismo.
Só para ajudar a entender o caso, delação premiada é uma forma de diminuição da pena para o delator entre os seus companheiros de prática criminosa. O instituto da delação premiada vem sendo severamente criticado, pois estimula a traição, comportamento inaceitável para os padrões morais modernos. Sob o aspecto jurídico, ela rompe o princípio da proporcionalidade da pena, já que se pune com penas diferentes pessoas envolvidas no mesmo fato e com idênticos graus de culpabilidade.
No caso, o jovem Piquet acabou absolvido e pode até mesmo continuar correndo, enquanto os dirigentes da escuderia foram dura e exemplarmente punidos.
Agora, Flavio Briatore corre o risco de ser afastado também do futebol. Acontece que o ex-diretor da Renault é co-proprietário do Queens Park Rangers, time de Londres da Segunda Divisão do Campeonato Inglês. Práticas antidesportivas nas pistas podem refletir dentro do Código de Ética da Liga Inglesa. A regra diz que proprietários ou dirigentes de clubes não podem ser banidos de qualquer outra modalidade.A ética esportiva sofreu grande abalo com esse tipo de noticiário na mídia mundial.
-
Escola Sem Partido: como Olavo de Carvalho, direita e STF influenciaram o fim do movimento
-
Igreja e direita francesa criticam cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos
-
“Quando Maduro fala é crítica, quando eu falo é crime?”, diz Bolsonaro após ditador questionar urnas
-
Dois cientistas católicos históricos que vale a pena conhecer
Deixe sua opinião