Ao apagar das luzes de 2006 veio a notícia do encerramento das atividades esportivas do heróico União Bandeirante, que figurou durante 42 anos ininterruptos na Primeira Divisão do futebol paranaense, algo inédito para o combalido futebol do nosso interior.
Tudo graças ao espírito empreendedor e paixão pelo futebol do empresário Serafim Meneghel que, enquanto teve disposição, manteve o União Bandeirante como clube modelo do interior do Paraná.
Time diversas vezes vice-campeão estadual, sempre revelou bons jogadores, com destaque à famosa dupla caipira PaquitoTião Abatiá, que brilhou no Coritiba juntamente com o zagueiro Pescuma.
No primeiro ano do time de Bandeirantes no campeonato, em 1964, o lateral-direito foi De Sordi, famoso zagueiro do São Paulo e da seleção brasileira campeã mundial em 1958. Ligado à produção açucareira e à família Meneghel, Nilton De Sordi foi jogador, técnico e dirigente do União Bandeirante.
Mas o que marcou mesmo a passagem do clube pelo futebol foi o folclore criado em torno dos casos e acasos havidos dentro e no entorno do Estádio Comendador Luís Meneghel, a temível Vila Maria.
Jogar em Bandeirantes nos anos 60 e 70 era mais ou menos como visitar Bagdá hoje em dia.
Tudo por causa de acontecimentos antes, durante e após as partidas que viraram história, algumas reais, outras criadas pela imaginação fértil de cronistas ou times adversários. Na verdade, o que sempre existiu foi pressão para tentar diminuir a diferença técnica entre os chamados grandes times da capital, ou mesmo de Londrina e Maringá, com os quais os bandeirantinos nutriram grande rivalidade regional.
Houve de tudo um pouco por lá, como o incêndio no canavial existente em volta do estádio para impedir que o ônibus do Coritiba saísse depois de uma derrota mal digerida por Serafim Meneghel. Logo a seguir, o presidente Evangelino Neves bolou uma homenagem ao comendador Luís Meneghel, chefe do clã, entregando-lhe uma placa de prata e o título de "Coxa honorário". Pronto. Nunca mais o Coritiba teve problemas por lá, a não ser antes de um jogo no qual foi jogado aos pés do árbitro Eraldo Palmerini um saco de gatos. A gatarada saiu pulando, miando e assustando os jogadores. Nada, entretanto, que impedisse a vitória do Coxa nos bons tempos de Jairo, Orlando, Oberdan, Hidalgo, Leocádio, Krüger, Zé Roberto, Aladim e outras feras mais temíveis que aqueles sete gatinhos.
Tiros na bola, corridões em árbitros e bandeirinhas também integram o rico folclore que marcou a existência do bravo União Bandeirante, original representante dos tempos românticos do futebol paranaense.
carneironeto@gazetadopovo.com.br
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