Se o Campeonato Paranaense não consegue mobilizar as torcidas por falta de maiores atrações e, sobretudo, por causa do regulamento permeado de patuscadas bacharelescas, eis a Copa do Brasil.
Mas aí é que a porca torce o rabo. O máximo que as nossas equipes conseguiram foram as semifinais e, ainda assim, raras vezes.
No ano passado por pouco o Coritiba não eliminou o Internacional e o Atlético não conseguiu manter o placar elástico que abriu sobre o Corinthians na Arena da Baixada.
Agora é a hora de mostrar que, mesmo atravessando momento de menor inspiração técnica, os nossos representantes podem passar à próxima fase.
Menos complicada será a tarefa da dupla Atletiba, que decidirá a sorte em casa, e quem pegou a parada mais dura foi o Paraná, que terá de superar o Sport, na Ilha do Retiro. A surpresa pode ser o Corinthians-PR, único vencedor no primeiro confronto dos paranaenses nesta fase do torneio, que joga pelo empate com o Ceará.
É importante acompanhar o desempenho das equipes nesta rodada, pois a Copa do Brasil serve como preliminar do que vem pela frente nos desafios do Campeonato Brasileiro.
Mestre Armando
O jornalismo brasileiro ficou órfão de Armando Nogueira, o homem que elevou a crônica esportiva à condição de literatura.
Ele sempre esteve acima das paixões clubísticas que alimentam os torcedores; muito acima das mesquinharias que caracterizam as relações entre os dirigentes dos clubes; e com todo respeito a arte dos jogadores os verdadeiros artistas do futebol.
Cronista talentoso e culto como Armando Nogueira consegue domar a paixão clubística, reconhecendo o valor dos adversários e, sobretudo, respeitando a inteligência e a sensibilidade dos leitores.
Para homenageá-lo, pequenas lições que ele nos ensinou:
"A tragédia do goleiro é ter de negar a dimensão da profundidade"; "Gol de letra é injuria, gol contra é incesto, gol de bico é estupro"; "O gol que glorifica o artilheiro é o mesmo que mortifica o goleiro"; "O jogador vê, o craque antevê"; "O passe é devoção, o drible é inspiração"; "A terra é redonda e gira em torno de Pelé"; "Para o craque, um palmo de campo é latifúndio"; "Se Pelé não tivesse nascido gente, teria nascido bola"; "Deus castiga a quem o craque fustiga"; "No futebol, matar a bola é um ato de amor"; "Se a bola não quica, mau caráter indica"; "Cria fama e deita na grama"; "O goleiro é um ser que não superou seu ciclo edipiano"; "Nem tudo que cai na rede é peixe, às vezes é frango"; "A tabelinha é o triângulo amoroso do futebol"; "Se a bola soubesse o encanto que tem, não passaria a vida rolando de pé em pé"; "Futebol em campo careca é champanhe em copo de papel"; "Quem triunfa sem nobreza não perde, perde-se"; "O torcedor de futebol é a encarnação máxima de Jules Renard: Não basta ser feliz. É preciso que os outros não sejam."
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