A Copa América está mostrando as deficiências técnicas de um futebol empobrecido pela falta de melhor estrutura dos principais times do continente. Submissos aos desígnios dos cartolas que não conseguem organizar com racionalidade calendário único para todos os países, e muito menos valorizam os torneios continentais na mesma medida dos torneios europeus, os clubes pagam o preço, mas é na seleção nacional que deságua a ira do torcedor.

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Por isso, os bichos-papões Argentina, Brasil e Uruguai saíram vaiados de campo após as primeiras apresentações. Dos uruguaios não dá para esperar muita coisa, afinal a sua classificação no último Mundial não passou de tremenda zebra, e pelo que mostrou o Peñarol, vice-campeão da Libertadores, se disputasse o Campeonato Brasileiro lutaria para não ser rebaixado.

Mas a Argentina de Messi e o Brasil de Neymar estão decepcionando aqueles que alimentam o sonho de vê-los entre os deuses do futebol.

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Como a história não se repete nunca da mesma maneira, o cenário montado pelos fatos pode ter muitas semelhanças com as vésperas da eliminação de brasileiros e argentinos na última Copa do Mundo, mas o epílogo está por ser escrito.

Tal como agora, as duas melhores seleções sul-americanas chegaram prestigiadas à África do Sul, com muitos holofotes voltados para o exibicionismo de Maradona e a turrice de Dunga, mas fundamentalmente no talento de Messi e de Kaká. Os astros fracassaram em campo e os maestros foram, inexoravelmente, destronados.

Novamente, em vez de dar padrão de jogo, o técnico Sergio Batista tenta fazer a equipe atuar em torno do melhor jogador do mundo, como se dispusesse dos mesmos valores do Bar­­celona. A Argentina anda praticando futebol de segunda porque, sem grandes craques, carece de uma definição tática objetiva e entrosamento para não dar vexame dentro de casa.

Com o Brasil acontece a mesma coisa, pois se Dunga armou mal o time e apostou na criatividade daqueles que ele considerava craques, não tem sido diferente com Mano Menezes. Sem ter a humildade – que também falta a muita gente na mídia esportiva brasileira – de reconhecer o empobrecimento técnico do nosso futebol, montando forte esquema de marcação, criando jogadas coletivas para o ataque, o técnico segue acreditando que Ganso, Neymar, Robinho ou Pato vão resolver as coisas em ações individuais.

O aproveitamento em muitos casos independe da habilidade, maior ou menor, no trato da bola, mas sim na estratégia coletiva de jogo. Os técnicos, apoiados por certa mídia generosa, acham que o jogador se tornou um bem que precisa sempre ser enaltecido e valorizado para manter-se no mercado. E a máquina promocional funciona –pelo menos até certo ponto.

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O jogo com o Paraguai pode sinalizar algumas coisas para aqueles que estão na ilusão contínua.