O bicho pegou para a alta cartolagem do futebol mundial.
Desde que assumiu a presidência da Fifa, o brasileiro João Havelange abriu as portas do futebol para as multinacionais interessadas em vender seus produtos. Foi o casamento perfeito de grandes marcas com o fabuloso mundo do futebol.
Como os negócios prosperaram, alcançando a marca de bilhões de dólares, aumentou a voracidade dos dirigentes para beliscar nacos de dinheiro. Por interesses comerciais foram os grandes patrocinadores que pressionaram a Fifa para suspender Joseph Blatter e Michel Platini por atitudes nebulosas nos últimos tempos.
Agora o futebol brasileiro volta os seus olhares para a figura de Marco Polo Del Nero, substituto do presidiário temporário José Maria Marin, na presidência da CBF. E motivos não faltam para que se exija o afastamento de Del Nero do cargo.
São mais de uma dezena de empresas que só perdem ao vincular seus nomes a uma entidade sem credibilidade que comanda uma seleção desacreditada. É muito dinheiro em jogo para continuar como está.
A leveza com que os cartolas transitaram pelos corredores do poder futebolístico tornou-se insustentável. A barra pesou para todos aqueles que se beneficiaram das mordomias oferecidas pelos rios de dinheiro que correram nas últimas décadas.
Labirinto de Dunga
Sem mostrar qualquer evolução ou revelar aprimoramento criativo desde a última passagem pelo comando da seleção, Dunga enfrenta o próprio labirinto.
Muito pela estreiteza de seus conhecimentos táticos e análises técnicas para convocar os jogadores, e um pouco pela reconhecida carência de valores para a formação de uma equipe que esteja à altura da seleção pentacampeã mundial.
Dunga insistiu com a mesma política de convocar jogadores medianos, que servem bem aos clubes europeus, mas se mostram distantes do padrão exigido para a camisa canarinho.
Ainda não conseguiu definir uma formação. E muito menos aplicar um conceito tático na tentativa de reabilitar o combalido time nacional.
Em vez de insistir com velhos conhecidos, que fracassaram no último Mundial e repetiram a dose na Copa América, Dunga poderia ter escalado a seleção como se fazia no passado: Santos e Botafogo foram a base do tri com alguns outros destaques individuais que se somaram ao sucesso final.
Agora, por exemplo, ele poderia ter convocado a dupla de zaga e o meio de campo do Corinthians, bem entrosados, que certamente renderiam muito mais do que essa legião estrangeira que se arrastou em campo na derrota para o Chile.