O futebol brasileiro atravessa momento de transição e, enquanto os clubes não forem reorganizados, ou seja, recuperados de longas e viciadas administrações que se arrastam há anos, dificilmente alcançará o ponto de equilíbrio.
Isso tem a ver com uma definição administrativa mais profissional, conseqüentemente menos passional e, sobretudo, com menor grau de autoritarismo. Muitos dos grandes clubes brasileiros transformaram-se em times de donos e pagam alto preço por isso.
Os reflexos aparecem no campo, onde praticamente todas as equipes jogam sob pressão. Nem mesmo o organizado e poderoso São Paulo conseguiu safar-se dessa fase crítica, alternando bons e maus desempenhos durante a mesma partida e nem sempre colhendo os resultados esperados. A goleada para o São Caetano foi humilhante.
O Internacional, que se empolgou com os títulos da Libertadores e do Mundial Interclubes, perdeu-se no planejamento desta temporada e, além de ter ficado fora da decisão do título gaúcho, foi o único representante do país eliminado na primeira fase da Libertadores.
Exceto o Santos, que levou sufoco do Bragantino e foi salvo pela excelência do goleiro Fábio Costa, mas consagrou-se com a melhor campanha na Libertadores, os demais classificados enfrentaram dificuldades. O Flamengo nem tanto, mas o seu time é irregular e não inspira confiança; o Grêmio qualificou-se na conta do chá, tanto quanto o Paraná. E os quatro estão às voltas com as finais dos seus campeonatos estaduais em meio às exigências do grande torneio continental.
Na Copa do Brasil, algumas cabeças coroadas já rodaram, como Vasco, Palmeiras, Cruzeiro e, por que não, o Coritiba. Se bem que o Coxa é um caso à parte, pois vive crise técnica há quase três anos e, pelo jeito, o treinador Macuglia, sempre na corda bamba, terá muito trabalho para reorganizar a equipe que tentará a classificação no Campeonato Brasileiro da Segunda Divisão.
O Atlético, meio aos trancos e barrancos, tem conseguido fazer valer o fator Arena da Baixada. Pelo menos foi o que aconteceu nos confrontos decisivos com Vitória e Atlético Goianiense, mas que não funcionou contra o Paraná.
O Furacão é uma curiosidade só, pois poderia contar com uma formação bem mais estruturada, tanto na defesa, desde que fossem contratados jogadores de maior categoria e, sobretudo, no ataque.
Imaginem se o clube tivesse mantido Aloísio, Finazzi, Marcos Aurélio e Dagoberto que, com Alex Mineiro e Denis Marques, formariam, com sobra, o melhor ataque do futebol brasileiro.
Claro que seria inviável mantê-los ao mesmo tempo, mas não custa dar asas à imaginação do torcedor e aguçar a paixão dos atleticanos.
Mas a realidade é outra, o time joga sempre sob pressão e sem margem para qualquer tipo de erro. Torna-se difícil manter padrão de regularidade diante dessas circunstâncias.