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O atacante Neymar costuma ser muito habilidoso quando tem a bola nos pés. Abro, desde logo, um parêntese, para me recordar de uma antiga discussão durante os anos dourados do futebol brasileiro.

Elba de Pádua Lima, o Tim, que foi grande jogador e excelente técnico, divergia de João Saldanha, famoso comentarista e também ótimo técnico.

João, campeão como treinador pelo Botafogo e a criador das “Feras do Saldanha” da seleção que se classificou para a campanha do tri mundial, dizia que havia escalado o ponta de lança Tostão como centroavante, primeiro, porque não podia abrir mão de Pelé e Gerson vindo de trás, além de Rivelino, pois na sua equipe o ponteiro esquerdo era Edu, do Santos; segundo, porque o craque mineiro sabia jogar sem bola, confundindo os marcadores e abrindo espaço aos companheiros.

“Rapaz, como é que alguém pode ser habilidoso ‘sem’ a bola nos pés ?” indagava o matreiro Tim, com uma pontinha de frustração por não ter sido convocado para técnico da seleção no auge da sua brilhante carreira. Para quem não lembra, Tim foi campeão por diversos times, inclusive o Coritiba, no tricampeonato de 1973. Também trabalhou no Ferroviário e no Atlético.

Saldanha referia-se à inteligência e à visão de jogo de Tostão, que sabia se apresentar para receber a bola, sabia se colocar na grande área e cumpria à perfeição o papel de sombra nas jogadas que eternizaram o ataque brasileiro na Copa do Mundo no México.

Voltemos a Neymar, a principal e única referência da atual seleção. A escassez de maiores opções no meio de campo e no ataque tem atrapalhado os planos de Dunga para reerguer a equipe nacional. Não representa o fim do nosso futebol. Apenas reflete o momento atual quando ainda vemos dezenas de jogadores brasileiros sendo bem-sucedidos nas ligas europeias.

A questão é, porém, que esses jogadores parecem apenas bons para atender às necessidades dos seus times.

Diferentemente daqueles jovens jogadores que escreveram páginas de ouro na história do futebol mundial vestindo a camisa “canarinho”, a presente geração de jogadores parece ter menos confiança até do que estamina.

O único jogador brasileiro de inegável grandeza e predomínio é Neymar. Ele consegue jogar bem em praticamente todas as apresentações do Barcelona, mas tem mostrado menos inspiração na seleção.

Fenômeno que também se verifica com Messi quando defende o selecionado argentino.

Ambos são habilidosos com a bola nos pés ou aos pés, também sabem desempenhar bons papéis como coadjuvantes sem tocar na bola nas tramas com Iniesta e Suárez, mas, quando chegam na seleção de seus países, inexplicavelmente decepcionam.

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