Este foi o título de meu primeiro livro em homenagem ao futebol paranaense e durante décadas a marca dos meus comentários no rádio. Sempre defendi o jogo limpo na vida. Porém, sei que as paixões do futebol extrapolam todos os parâmetros e muitos perdem a tramontana em defesa do seu time de coração. Paciência. Há anos estou vacinado para enfrentar qualquer tipo de rancor ou coisas do gênero.
Escrevi alguns livros sempre em torno dos fatos e dos personagens do futebol paranaense por entender que sendo o nosso estado periférico em termos políticos, esportivos e, até alguns anos, econômicos, para tentar resgatar a memória daqueles que ajudaram a construção de nossos times e deixar um legado para as gerações que estão se sucedendo.
Foi a maneira modesta e despretensiosa que encontrei para manter acesa a luz deste ainda emergente e frágil futebol paranaense.
Frágil em todos os sentidos, pois após quase cem anos, continuamos sem um grande estádio pronto e acabado para receber o público. Passamos todos esses anos na base da improvisação, colocando o torcedor em situação de desconforto e insegurança, especialmente nos dias de grandes clássicos ou partidas decisivas.
Também ainda não conseguimos criar uma categoria de árbitros à altura das expectativas do torcedor e continuamos tentando ajustar as nossas equipes para aproximarem-se dos quatro pontos cardeais do futebol brasileiro. Percebo que os nossos times seguem distantes das exigências do torcedor que, mesmo se contentando com pouca coisa pelo costume de enxergar com clareza a diferença que separa o futebol daqui com o dos grandes centros, começa a cobrar mais eficiência de dirigentes e até mesmo da crônica esportiva.
Por tudo isso, gostei da manifestação do presidente Vilson Ribeiro de Andrade, do Coritiba, através da qual ele expôs a necessidade de recompor o jogo limpo financeiro por aqui, do mesmo modo que se pratica há algum tempo na Europa. Trata-se de uma forma de procurar reduzir a disparidade entre os clubes e evitar gastos exorbitantes. O curioso é que essa importante discussão surgiu em meio a canhestra notícia de que o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, em parceria com o duvidoso novo comando da CBF tentará isentar os clubes de seus compromissos fiscais.
Sinceramente, não considero aceitável que os maiores times do país mantenham administrações irresponsáveis, gastem bem acima de suas possibilidades e no final das contas venham a ser anistiados. Compreendo um ajuste oficial e a definição de normas que devam ser seguidas, mas perdoar as dívidas de clubes que queimam milhões de reais na contratação desenfreada de jogadores e má aplicação de recursos através de gestões temerárias, não parece justo para a sociedade em geral que paga regularmente os seus tributos.
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