Ao ler a notícia de que Krüger foi homenageado por completar 49 anos de serviços prestados ao Coritiba, me dei conta, definitivamente, de que o tempo passou mesmo.
Krüger sempre foi uma referência por ter iniciado a carreira na mesma época em que comecei como repórter. Acompanhei sua virtuosa passagem pelo Britânia e tive a oportunidade de presenciar a assinatura do contrato com o Coritiba, em fevereiro de 1966.
Foi perto da hora do almoço, na sede administrativa que o clube mantinha na Rua XV de Novembro, em frente à antiga Confeitaria Schaffer. Ele chegou acompanhado pelo lateral esquerdo Antero, também contratado junto ao Britânia, e foi apresentado pelo diretor de futebol Elias Derviche ao presidente Lincoln Hey. A estreia aconteceu na semana seguinte, no Torneio de Verão, frente ao Grêmio, de Porto Alegre. Krüger marcou o gol de empate dando dois cortes antológicos antes de finalizar em cima dos zagueiros gaúchos Airton e Áureo. O Água Verde acabou ficando com a taça do torneio e o Flecha Loira – apelido dado pelo jornalista Albenir Amatuzzi inspirado em Di Stefano “La Saeta Rubia” do Real Madrid – iniciou sua brilhante trajetória ao lado de Nico, Bequinha, Lucas, Oromar, Moreira, Gauchinho e outros personagens do Coxa daquela época.
O futebol era muito mais lento do que o atual, mas era muito mais criativo. Tocava-se mais a bola, sem pressa, até achar um espaço para fazer o gol. Era o grande diferencial do futebol brasileiro nos anos dourados do tricampeonato mundial.
Ao contrário de hoje que corre-se muito, sem inteligência, tornando a velocidade burra, naquele tempo o jogo era vistoso com profusão de dribles, tramas geniais e, é claro, gols.
Krüger foi um perfeccionista no domínio da bola, na arte do passe, do lançamento longo e, sobretudo, no chute seco e rasteiro fora do alcance dos goleiros na marcação dos gols.
Foi vítima de três lesões graves na carreira, sendo que na última, em 1970, ao chocar-se com o goleiro Leopoldo, do Água Verde, sofreu rompimento das alças intestinais e quase morreu. Passou mais de dois meses internado e conseguiu sobreviver. Mais do que isso, conseguiu retornar aos gramados para exibir o seu futebol majestoso.
Formando duplas de ataque com Kosilek, Walter, Paquito, Leocádio, Tião Abatiá, Zé Roberto, Plein, Ely ou Helio Pires, ele sempre foi a atração. Um coxa-branca legítimo, pela alvura da cor e pelo amor com que sempre vestiu a camisa alviverde.
Teve chance de ir jogar, entre tantos clubes, pelo Flamengo e Atlético Mineiro, mas o presidente e mentor Evangelino Neves jamais abriu mão do seu talento. Como atleta, conselheiro, treinador ou auxiliar do departamento de futebol.
Parabéns Alemão, o homem que virou uma lenda.
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