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Alguns cartolas têm em comum o fato de sentirem-se vítimas da incompreensão e do destino cruel.

Eles não erram jamais e os outros são os culpados de todos os seus males.

Demonstrando falta de originalidade, a diretoria do Coritiba pensa ter resolvido os problemas com a censura imposta ao trabalho da imprensa, que apenas desempenha o papel de ligação entre os personagens do futebol e o público.

Cópia mal acabada do mau exemplo dado pelos dirigentes do Atlético.

No caso do Coxa, ainda sobrou para o jogador Jefferson, vitimado pelas vaias da torcida no último jogo e desligado do clube. Devem imaginar que, com a dispensa de Jefferson e o corte nos repórteres, a crise acabou.

Com o passar dos jogos, do mesmo jeito que acontece no Atlético, os homens do Coritiba vão perceber que os culpados pelas campanhas irregulares de suas equipes não são os outros. São eles mesmos. São eles que contratam e dispensam jogadores, são eles que formulam contratos e acabam brigando na justiça com os atletas, são eles que promovem a ciranda de técnicos e, no fundo, são eles que desrespeitam o torcedor com a formação de times tecnicamente medíocres e muito distantes das responsabilidades e dos anseios de instituições tradicionais como Atlético e Coritiba.

Essa arrogância egocêntrica tem um efeito corrosivo em todos os que convivem com dirigentes que não conseguem controlar a exacerbada vaidade.

Os auxiliares ridicularizam-nos pelas costas e procuram iludi-los no dia-a-dia. Conhecem o estilo, fazem o seu jogo, garantem os empregos, mas sabem que a pose não faz deles os líderes que eles fingem ser. Quando isso acontece, toda a estrutura e o ímpeto da equipe começam a ruir.

Muitas vezes o chefe egocêntrico sente que há algo errado, embora jamais admita a causa; ele pressiona pelo respeito e adulação de seus subordinados e, quanto mais pressiona, menos recebe. Assim, torna-se mais ar-rogante em suas exigências e os funcionários e jogadores ficam cada vez mais ressentidos. A situação só piora com o passar do tempo e o chefe só tolera os bajuladores, não aceitando críticas. Mesmo as responsáveis, construtivas e bem intencionadas.

Os profissionais tornam-se temerosos de levar qualquer má notícia a esse tipo de líder, temendo que ele invista contra o portador. Consciente, ou inconscientemente, ninguém quer discordar de um dirigente assim, ainda menos travar debate com ele. Impossível prever a sua reação.

A qualidade do trabalho cai, os resultados positivos escasseiam e todos passam a viver em um mundo de insegurança, distantes do mundo real, acreditando que, sem diálogo com a imprensa, a crise está resolvida. Ledo engano.

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