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Todos os intelectuais, os bons e os de meia-tigela, já publicaram sua própria definição de liberdade. Mas a única definição que virou jargão popular foi criada pela agência de publicidade da US Top nos anos 70: liberdade é uma calça velha, azul e desbotada. Este slogan é tão poderoso que até hoje qualquer um que veste uma calça jeans sente-se aquele roqueiro contestador da época da guerra do Vietnã, na base da paz e amor e com muita marijuana no ar.

Como não tenho nada de intelectual e minha maior aproximação com os beatniks daquele tempo foi o cabelo comprido e a calça boca de sino, sempre achei que tinha liberdade para fazer o que bem entendia. Pelo menos curti adoidado o meu Karman Ghia vermelho e interpretei a liberdade como independência. "Só isso?", deve perguntar o jovem de hoje. Tudo isso, respondo.

Mas tanto a independência completa quanto a liberdade total são relativas. Basta o sujeito ter um patrão para diminuir sua possibilidade libertária.

Nem mesmo o futebol está livre de certas imposições. O técnico Muricy Ramalho, do São Paulo, por exemplo, vem sofrendo nos últimos dias com uma possível interferência do presidente do clube na escalação de determinados jogadores.

Não acredito nisso, pois Muricy é experiente, testado e, pelo menos financeiramente, independente. Porém, o futebol moderno exige maior participação de todos, não apenas dos profissionais envolvidos na comissão técnica mas também de dirigentes. Especialmente aqueles com vivência no meio e em condições de tratar da matéria de igual para igual com os treinadores, respeitando-se a hierarquia e, em última análise, a própria pessoa.

O que vejo em Muricy neste momento é um certo desgaste pelos títulos perdidos. Por mais competente que o técnico seja – e ele o é –, todos vivem de resultados e de conquistas. Ainda mais em um clube com a estrutura e o poder de fogo do São Paulo. Vejam, só para comparar, Luxemburgo não conta com nenhum centro-avante de oficio no Santos e foi campeão paulista e está nas semifinais da Libertadores, enquanto Muricy possui uma coleção de camisas 9 – Aloísio, Marcel, Borges, etc. – e o São Paulo não consegue desencantar.

São essas coisas que minam o trabalho de um treinador e por mais que ele defenda a sua independência, sabe que ela está intimamente ligada ao escore do jogo ou ao desfecho do campeonato.

Por isso o conceito de liberdade é muito relativo em qualquer atividade humana, com destaque ao esporte onde cada atleta ou cada técnico é exigido diariamente e cobrado a cada novo desafio. Isso acontece em todas as modalidades, sendo que em algumas a coisa alcança níveis de exigência acima do normal. Basta verificar os riscos que correm os pilotos de Fórmula 1 ou os atletas de alto nível do atletismo, da natação ou de outros esportes individuais.

Liberdade total só mesmo no sentido figurado daquela calça velha, azul e desbotada.

Furacão prejudicado

O Coritiba voltou a decepcionar perdendo para o São Caetano. O time paulista perdeu três gols certos antes de marcar aquele que lhe deu a vitória mostrando maior envergadura técnica que o Coxa. Ao final, foram pedidas as cabeças de Macuglia e Gionédis.

No Mineirão, o Atlético poderia ter vencido não fossem as oportunidades desperdiçadas e a arbitragem que validou um gol em impedimento e assinalou um pênalti inexistente a favor do Galo.

No final o Furacão empatou e por pouco não virou o placar.

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