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Os elefantes são animais venerados em alguns continentes como símbolos da boa sorte, da amizade, da solidariedade e do poder. E também são cultuados pela memória.

Desde que o presidente Lula trouxe a Copa do Mundo de 2014 e fatiou politicamente as doze sedes, desconfiou-se da gastança do dinheiro público que viria. Estava escrito nas estrelas.

Todas as pessoas sensatas e sem nenhum vínculo político-partidário apontaram os excessos na construção das arenas padrão Fifa. E foram mais além pedindo fiscalização no nebuloso custo das obras.

A Copa e os seus estádios revelaram-se uma aventura predominantemente estatal, prenunciando uma manada de elefantes brancos.

Agora, na colaboração premiada da empreiteira Andrade Gutierrez – uma das envolvidas no maior escândalo de corrupção da história do Brasil –, a Justiça Federal recebeu a informação de que houve pagamento de propinas em três praças esportivas oficiais: Maracanã, Mané Garrincha e Arena Amazônia.

Houve críticas de todos os lados desde o início das obras de estádios públicos em cidades como Brasília, Cuiabá, Natal e Manaus, constatada a incipiência do futebol local.

Mas os elefantes brancos foram edificados, com os respectivos valores reajustados diversas vezes, superando todas as previsões orçamentárias menos otimistas.

Elefantes brancos costumam também designar alguma coisa de muito valor, da qual seu proprietário não pode dispor e cujo custo monetário, inclusive de manutenção, é muito alto relativamente à sua utilidade.

A expressão veio de animais desse tipo mantidos no passado por monarcas de países asiáticos.

Ganhar um deles de um rei significava uma bênção e uma maldição.

Benção porque sagrado e sinal de prestígio; maldição porque tinha de ser guardado e cuidado, sem utilidade que compensasse o custo de mantê-lo.

Eles comem muito, sujam muito, incomodam muito. Mas são grandes e bonitos.

Como a manada da Copa se materializou, talvez fosse o caso de replicar por aqui a “Ordem do Elefante Branco”, de oito graus, outorgada pelo governo da Tailândia.

Políticos e governantes brasileiros envolvidos na criação dos bichos receberiam a comenda solenemente.

Dos estádios privados da Copa de 2014, Atlético Paranaense e Internacional ainda estão fechando o balanço. Porém, a longo prazo extrairão o retorno esperado pelo elevado investimento.

A arena do Corinthians, time de coração do ex-presidente da República, também entrou no rolo das colaborações premiadas. Daí com a construtora Odebrecht.

A viabilidade dessas arenas depende do uso para fins esportivos ou espetáculos em geral, da frequência que recebem, do valor arrecadado, dos custos de manutenção, entre outros aspectos.

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