Chegamos à última rodada do Bra­­sileiro com o Corin­­thians praticamente campeão, mas o Vasco ainda sonha tanto quanto Flamengo e Coritiba, que disputam com vantagem as últimas vagas na Libertadores, ou os três times envolvidos na degola.

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O tempero da rodada é forte, especialmente para os torcedores de Atlético e Coritiba, que terão um jogo que, mesmo antes de começar, já entrou para a história. Independentemente das condições técnicas do clássico ou do seu re­­sultado, o confronto estáfazendo história na medida em que envolve a possibilidade de o Fu­­ra­­cão ser rebaixado e de o Coxa ir ao torneio continental.

Como na vida, a dupla Atle­­tiba está nas mãos do acaso e, o que é pior: da precária justiça dos homens. Tudo depende dos jogadores, dos treinadores e do trio de arbitragem. Um pênalti mal marcado, um impedimento mal caracterizado ou um gol mal anulado podem fazer a diferença. Um erro estratégico do técnico ou uma substituição infeliz também podem determinar o andamento do jogo. Uma falha individual do goleiro, uma bobeira do zagueiro ou um gol imperdível desperdiçado fazem parte da alegoria do jogo. Um drible desconcertante, um chapéu desmoralizante ou um golaço definem o resultado. Tudo isso compõe o enorme mosaico do futebol.

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Pode-se ganhar ou perder uma partida por um triz. O duro é que não tem volta ou, como se dizia antigamente, não tem choro nem vela.

Se tivesse vencido o América, como todos esperavam, o Atlético estaria em situação cômoda e evitaria o constrangimento de uma semana miserável de críticas, cobranças e poucas esperanças. Será o clássico da honra atleticana, pelo menos para esses dirigentes e jogadores que tanto decepcionaram nesta temporada.

Se tivesse vencido o Vasco com a diferença de gols necessária, pela Copa do Brasil, o Coritiba já estaria com a vaga na Libertadores e teria evitado o es­­forço da preparação do jogo em que terá uma segunda chance no mesmo ano. Será o clássico da afirmação coritibana, pelo menos para esses dirigentes e jogadores que deram tantas alegrias nesta temporada.

No futebol, como na vida, ne­­nhum vitorioso se faz sozinho. Talentos individuais são inegáveis, jogadas individuais podem ser decisivas. Mas, como na vida, é preciso que o time se entenda. É preciso que o bom jogador saiba jogar junto com os outros e que o craque não pretenda resolver tudo sozinho. O futebol é o mais coletivo dos jogos – e também o mais difícil. O gramado precisa estar impecável, sem morrinho artilheiro e sem buracos; o vento e a chuva só atrapalham e a temperatura ambiente no campo influi na musculatura e na respiração dos jogadores.

Mais um Atletiba majestoso, daqueles que os locutores esportivos reforçam as metáforas da vida.

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