Suponhamos, por um breve instante, que as nossas dificuldades imediatas foram resolvidas: o setor financeiro reagiu, a indústria voltou a produzir, o comércio voltou a vender bem, os empregos foram devolvidos aos 12 milhões de trabalhadores fora do mercado, a taxa do dólar tomou juízo e que, por milagre, os políticos criaram vergonha na cara e passaram a governar o país com decência e moralidade pública.

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O que ficaria faltando ? Um projeto nacional.

Suponhamos, por um breve instante, que os principais clubes conseguissem equilibrar o orçamento para que os bons tempos do futebol brasileiro voltassem: muitos jogadores promissores revelados, os craques mantidos durante várias temporadas nos times do país, os treinadores menos marqueteiros e apenas dedicados ao trabalho, arbitragens eficientes, os torcedores motivados e os estádios cheios novamente.

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O que ficaria faltando ? Um calendário racional.

Em vez de um projeto nacional sério e competente para o Brasil, os governantes continuam improvisando, quebrando o galho e empurrando a crise e os problemas com a barriga.

Em vez de uma distribuição de jogos sensata como acontece no futebol europeu, os dirigentes do futebol brasileiro submetem-se ao calendário esdrúxulo da CBF.

A bola começa a rolar nos próximos dias com jogos amistosos; jogos oficiais pela Primeira Liga; pelos campeonatos estaduais e, a partir da semana que vem, pela fase de qualificação da Copa Libertadores da América.

Tudo ao mesmo tempo, amontoado, sem qualquer critério científico para atender as reivindicações dos técnicos e os preparadores físicos nesta fase de condicionamento dos atletas na pré-temporada.

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Os profissionais que se danem e tratem de mostrar serviço em campo, pois os cartolas seguem em frente com projetos duvidosos, sonhos mercadológicos mirabolantes e a comodidade de sobreviver com a venda dos principais jogadores para o exterior, a verba da televisão e a renda extraída dos quadros sociais.

Trocando em miúdos, o futebol brasileiro continua praticando o antimarketing.

O que mais preocupa é que o fenômeno da má gestão não se limita às fronteiras do nosso país. Há muito tempo, a Conmebol tratou de entrar no jogo político de aumentar o número de participantes nos torneios por ela patrocinados ao ponto de avacalhar até mesmo a sua galinha dos ovos de ouro: a Libertadores.

Por isso, milhões de torcedores estão, gradativamente, se afastando dos estádios, diminuindo a paixão pelas equipes e, como demonstram os números de todas as pesquisas e levantamentos recentes, o futebol começa a perder espaço e importância para significativa parcela da população.