O brasileiro, de quatro em quatro anos, respira futebol.
Pouco a pouco vai se observando nas vitrines das lojas as cores do grande evento, na publicidade que mexe com o torcedor e o clima de Copa do Mundo começa a se instalar no coração de todos.
O brasileiro, de quatro em quatro anos, esquece as mazelas políticas, éticas, morais, administrativas e a mediocridade generalizada que assola o país e passa a viver a alegria e a doce ilusão do futebol.
O resultado do jogo da seleção torna-se a coisa mais importante para a maioria dos torcedores. Todos têm orgulho da seleção, dos craques, dos ídolos, da tradição, dos títulos conquistados e, em última análise, sentem que, pelo menos no futebol, o Brasil é país de Primeiro Mundo.
O fato tem significado especial, tanto pelo apelo à unidade nacional que traz consigo quanto pela radiografia do que somos e como estamos: a catarse brasileira é feita no campo de jogo. As bandeiras são hasteadas nas janelas, nos telhados, nas bicicletas. Enfim, é através do favoritismo natural da seleção que o nosso povo se sente motivado a vestir as cores do país.
Essa manifestação coletiva de coesão e euforia já mereceu os mais variados tipos de estudos sociais e antropológicos em torno da exteriorização do mais fantástico fenômeno cultural do povo brasileiro. A exteriorização da confiança e do orgulho em torno da equipe nacional traça um bonito perfil do nosso povo.
A Copa do Mundo exerce um fascínio sobre todos e funciona como válvula de escape das frustrações e dos sonhos não realizados.
O time da Copa
Na partida com a Rússia, em Moscou, começa a ser desenhado o time da Copa. Não haverá surpresas, pois o técnico Parreira não é dado a esse tipo de coisa e prefere contar com aqueles que já foram testados diversas vezes.
Claro que existem protestos e contestações. Afinal a convocação da seleção tradicionalmente provoca reações. E não será diferente desta vez, a começar pelo desprezo ao goleiro Rogério Ceni, ao meia Alex e os cortes de Roque Júnior e Júlio Baptista.
O goleiro Dida anda jogando mal, mas continua titular, tanto quanto Roberto Carlos, que tem como substituto o limitado Gustavo Nery. Menos mal pela direita, onde Cicinho está no auge, em contraste com Cafu, em fim de carreira. No mais, é rezar para que os zagueiros interiores errem o menos possível e que o quadrado mágico funcione às mil maravilhas.
Importante ressaltar que, desde a Copa de 1982, o futebol brasileiro não reunia tantos talentos. Basta dar uma olhada no nível técnico dos reservas para sentir a força do time que, entretanto, precisa conter a euforia.
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