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O futebol não é para principiantes, pois não basta o conhecimento das regras, das táticas e das tramas que se passam em campo. Antes disso é preciso conhecer a alma do jogador, o espírito das pessoas envolvidas no processo dentro do clube e, sobretudo, os interesses em jogo e das ações e reações que se desenvolvem no dia a dia.

Os objetivos podem ser os mes­­mos, mas nenhuma cabeça funciona do mesmo jeito. O dirigente é norteado por uma espécie de política global; o técnico por uma mente que procura racionalizar e canalizar todas as potencialidades individuais reu­­nidas para o trabalho; o jogador é influenciado por inúmeros fatores, quase todos de fundo emocional; o torcedor é basicamente um apaixonado beirando a irracionalidade durante os 90 e poucos minutos de uma partida e só tem olhos para o seu time, invariavelmente ignorando os talentos do adversário e se satisfazendo exclusivamente com o placar final – mesmo com ajuda da arbitragem que levam o torcedor do outro lado ao desespero; o árbitro é um ser solitário, que tenta usar as suas prerrogativas com imparcialidade e bom senso, mas via de regra é atrapalhado e raramente conclui a missão sob os aplausos gerais; e, o cronista, também se constitui em um personagem solitário que participa, indiretamente, do espetáculo, principalmente se atuar na locução dos jogos pelo rádio ou pela te­­vê.

O Coritiba perdeu depois de dois anos e parece que ninguém estava preparado para esse dia. Nem mesmo após a brusca queda técnica da equipe neste ano, por mim apontada desde as primeiras rodadas, e as vitórias con­­quistadas algumas vezes graças a grosseiros equívocos das arbitragens ou coisas do gênero. O que importava era a manutenção da longa invencibilidade e o sonho do tri.

Marcelo Oliveira passou a ser contestado, mesmo tentando fa­­zer milagres com o enfraquecido elenco colocado à sua disposi­­ção para esta temporada; o presi­dente Vilson Ribeiro de An­­drade foi ao treino, com di­­rei­­to a usar boné de treinador, para ver de perto o tamanho da crise e os jogadores estão cheios de promessas para o jogo de hoje.

Pronto, aí está a chave para começar a decifrar o código da bola: a única verdade do futebol é o resultado. Por exemplo: se o Coritiba vencer o Londrina e o Atlético enroscar em To­­le­­do, a crise muda de endereço. Capicci?

O resto a turma da bola vai empurrando com a barriga, tanto que Guerrón virou artilheiro e ninguém mais presta atenção na série de pê­­naltis que os jogadores do Atlético vêm perdendo ou na inconstância da equipe, que alterna bons e maus mo­­mentos durante uma mesma partida.

Por mais que sejam apontados os defeitos ou as virtudes de um jogador ou de um time, sempre alguém ficará contrariado.

Os espíritos abaixo da mé­­dia condenam sistematicamente tudo que está acima de sua compreensão. E bola para frente!

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