Para uma partida amistosa com fins comerciais, até que Brasil e Argentina conseguiram apresentar um espetáculo à altura de suas tradições. Não foi nada extraordinário, mas os jogadores procuraram mostrar suas qualidades e, no geral, a seleção brasileira saiu-se melhor, merecendo pelo menos a igualdade no placar. Mas o Brasil perdeu porque aquilo que muitos esperavam de Ronaldinho Gaúcho, Robinho ou Neymar, acabaram vendo em Messi, que, numa jogada, desequilibrou.
Ronaldinho Gaúcho até que se saiu bem dadas as visíveis limitações físicas dos últimos anos perdeu a explosão e, consequentemente, a força para desequilibrar em cima dos marcadores. Quem decepcionou mesmo foi Neymar, que se limitou a jogadas convencionais sem qualquer inspiração. Robinho foi o de sempre: correu, pedalou e de vez em quando tentou finalizar. Muito pouco em termos ofensivos diante da frágil retaguarda argentina.
A defesa vinha se comportando bem até se entregar ao talento de Messi, que na sua única investida decidiu o jogo. No plano individual, Daniel Alves foi o maior destaque em campo. Mano Menezes continua testando, mas não precisa desperdiçar tempo com jogadores da categoria de Douglas: eficiente em times nacionais, porém modesto para a seleção.
Ajustes
Uma das principais dificuldades encontradas pelo Paraná durante a Série B foi o ajuste do corpo defensivo. Mais feliz do que Marcelo Oliveira, o atual técnico Roberto Cavalo conseguiu estabilizar um pouco mais o setor, mesmo tendo sofrido constantes recaídas no curso da disputa.
Ney Franco só acertou mesmo a peça defensiva do Coritiba quando pôde escalar Cleiton como terceiro zagueiro ao lado de Jéci e Pereira, todos dados a incursões ofensivas e não raras vezes com sucesso. Com tamanha mobilidade na definição do sistema 3-5-2, seria natural que os alas mantivessem a posição e, sobretudo, os volantes Leandro Donizete e Léo Gago fechassem a porta de entrada da retaguarda. Funcionou tão bem que o Coxa transformou-se em visitante inconveniente jogando com marcação forte e saída rápida para o ataque.
Há uma crença generalizada entre nós de que o esquema 3-5-2 é mais defensivo do que o 4-4-2, mas na prática eles são semelhantes. O que vale mesmo é contar com jogadores tecnicamente qualificados para o desempenho de suas funções. Carpegiani bateu cabeça com três zagueiros e só acertou o Atlético quando parou de jogar com um trio defensivo e dois cabeças de área.
Com Manoel e Rhodolfo mandando na cozinha e Vítor e Chico na entrada da área, ele ajustou o sistema de marcação, liberando os alas e dando mais velocidade ao Furacão na arrancada para o ataque. Sérgio Soares nada mais fez do que manter o modelo, mas continua quebrando a cabeça para melhorar a produção do sistema ofensivo capenga.