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Enquanto no Brasil os ídolos vão e vem, na Argentina preserva-se a memória daqueles que se tornaram mitos.

Não é que sejamos diferentes dos hermanos, mas a verdade é que os brasileiros parecem um tanto contidos quando se trata de culto a memória de heróis, líderes ou ídolos populares.

Para retratar esse comportamento dos argentinos, Juan José Sebreli, considerado um dos maiores sociólogos do país, lançou o livro "Cômicos e Mártires – Ensaio Contra os Mitos", obra em que destrói alguns dos maiores ícones da Argentina.

Começa a polêmica ao colocar em dúvida o local de nascimento do imortal Carlos Gardel, aquele que, segundo os fãs mais apaixonados, canta cada vez melhor.

Afirma Sebreli que até hoje não se sabe exatamente a data do nascimento de Gardel e nem o lugar onde isso aconteceu. Essas contradições deram espaço a vidas imaginárias. Definido como o "cantor nacional", passava "boa parte do tempo no exterior. Temia o público argentino e dizia que a pátria estava onde ouvia aplausos".

Outro personagem focalizado no livro foi Che Guevara: "Quinze dias antes de conhecer Fidel Castro, seu projeto era conseguir uma bolsa para ir estudar em Paris, acompanhado da mãe. Seu talento militar está desmentido pelos fatos e todas as suas tentativas de guerrilha terminaram em derrota. Che Guevara foi um fracassado por inteiro".

Segundo o autor, a radialista Evita transformou-se em garota-propaganda do presidente Juan Domingo Perón: "Ela exaltou, de forma significativa, a subordinação da mulher ao homem". Para Sebreli, torpedeando o mito de Evita como paladina do gênero feminino "além do voto para as mulheres, jamais pensou em reivindicações feministas essenciais, como o divórcio e a discriminação do aborto".

Para ele, Perón pode ser discutido, mas Evita é intocável tanto quanto Che e Maradona.

Atual técnico da seleção argentina e com o prestígio intacto mesmo após a humilhante goleada de 6 a 1 para a Bolívia, Diego Armando Maradona é considerado oportunista pelo sociólogo: "Um fracasso que produz dinheiro. O gol mais famoso da história do futebol argentino é o que ele fez com a mão, contra a Inglaterra na Copa do México. Gol feito com trapaça. A Associação de Futebol da Argentina sabe que ele é incapaz de comandar a própria vida, muito menos a seleção. Maradona é um oportunista que adotou slogans da esquerda caviar, aquela que contesta tudo e gosta de viver no bem bom. Mas é o mais idolatrado pela população, essa sociedade que acredita que a lei está aí para ser violada. Adorar Che, Perón, Evita e Maradona simboliza a decadência dessa sociedade".

Para concluir, afirma o demolidor de mitos argentinos que "o problema é que o culto dos heróis é um obstáculo que impede os indivíduos de adquirirem consciência de que são seres responsáveis pelo próprio destino".

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