A CBF tem sido, no mínimo, descuidada com a seleção brasileira depois do fracasso na Copa do Mundo.
Começa pela falta de maiores esclarecimentos sobre a má preparação da equipe na Suíça e na Alemanha, passa pelos motivos que levaram alguns jogadores ao inexplicável e irritante desinteresse pelo título, a apatia de Parreira nas relações com as principais cabeças coroadas do grupo e, finalmente, a escolha do nunca jamais técnico Dunga para o trabalho de reestruturação do mais famoso time de futebol do planeta.
Só que Dunga pode surpreender. Talvez nem tanto pelos seus atributos táticos, mas pela personalidade forte e obstinação que revelou em suas primeiras entrevistas.
Determinado, confiante e consciente de suas responsabilidades, chamou o antigo companheiro Jorginho que realizou bom trabalho como técnico do América no último Campeonato Carioca como auxiliar e foi coerente em sua primeira convocação.
Pela relação apresentada ontem, o novo selecionador nacional pretende fazer observações sem correr muitos riscos. Ou, por outra, vai tentar acertar a equipe sem radicalismos.
Ao adotar a postura intermediária entre oito remanescentes da seleção derrotada na Copa, sendo que apenas dois foram titulares Lucio e Juan e dos poucos que se saíram bem e com dignidade, e aqueles que não ganharam as oportunidades merecidas, Dunga mostrou que não é ingênuo, sabe o que está fazendo e, sobretudo, possui plena noção dos desafios que o aguardam.
Como primeira convocação foi boa. Especialmente se levarmos em consideração as limitações que lhe foram impostas, tais como o desgaste dos medalhões que saíram por baixo da Copa e a impossibilidade de contar com jogadores do São Paulo e do Internacional, os dois melhores times do país no momento.
Ele oferecerá uma oportunidade ao goleiro Gomes, deve escalar a zaga que a torcida gostaria de ter visto contra a França, manter Gilberto Silva como volante, fazer experiências na meia-cancha e apostar no ataque com Robinho e Fred.
Não criou e não inventou, apenas foi racional e pragmático diante das circunstâncias.
Cobranças vão existir, as dificuldades de ajustar a equipe não serão poucas e os jogadores novos certamente desejarão mostrar serviço, mas o fundamental é que Dunga tenha mesmo um plano de vôo pronto e definido para a seleção brasileira.
Se for bem sucedido nos primeiros amistosos, começará a adquirir musculatura como treinador e, pouco a pouco, conquistará a confiança e o respeito profissional de todos.
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