A expressão "elo perdido" perdeu a força porque é uma ideia que sugere a evolução como um processo repentino, como se, de uma hora para outra, um réptil se transformasse numa ave. Tudo na natureza foi feito gradativamente, portanto sem qualquer elo perdido. Mas o termo veio a calhar neste momento em que se iniciam os campeonatos estaduais.
Depois das emoções dos torneios nacionais e internacionais, nos primeiros meses do ano parece que o futebol brasileiro regride com os estaduais disputados em estádios sem boas condições, gramados precários e flagrante desnível técnico entre os competidores.
Os apreciadores dos estaduais lembram aqueles jornalistas que, primeiro, resistiram à troca da pena pela máquina de escrever e, algumas décadas depois, à troca da máquina de escrever pelo computador.
No inicio do século passado, quando o utensílio se expandiu no país, o escritor Lima Barreto, adepto da caneta-tinteiro, em 1911, reagiu ao pedido de datilografar uma crônica para o seu jornal, iniciando assim o texto: "Enquanto escrevo neste desgracioso e fatigante aparelho...", seguindo-se então uma série de impropérios ao objeto.
Ficou célebre também a reação de muitos críticos da máquina de escrever, destacando-se a ameaça de greve dos escriturários, que acreditavam que a novidade estivesse a serviço de uma subclasse sem boa caligrafia. Nelson Rodrigues chegou a criticar o invento, mais ficou tão ligado à sua Remington que ela foi até reproduzida em sua lápide.
A velha máquina manual revolucionou escritórios e redações até virar peça de museu. Há muito as intimoratas Remingtons e Olivettis foram trocadas por engenhocas mais modernas. Primeiro, pela máquina elétrica, depois pela eletrônica, até perder status para os computadores que dominam o cenário de hoje em dia.
Quando não existiam outros horizontes para o nosso futebol, nos contentávamos com o Campeonato Paranaense e vibrávamos a cada inicio de temporada. Mas, como tudo evolui e as possibilidades de novas atrações aumentam, as disputas com os maiores centros chamam mais a atenção.
Ainda se fosse tão bem promovido como os campeonatos Paulista e Carioca, o nosso torneio estadual poderia atrair a atenção do grande público. Porém, apresenta deficiências, que nascem na redação mal feita do regulamento e passam por estádios precários, campos ruins, arbitragens deficientes e equipes tecnicamente sofríveis.
Claro que se reconhece o esforço hercúleo dos times do interior em tentar fazer boa figura e o próprio sacrifício dos times da capital, que, mesmo de olho na Copa do Brasil e em outras competições mais rentáveis, disputam o Estadual com dignidade.
O Campeonato Paranaense deixaria de ser uma espécie de elo perdido no momento em que tivesse menor número de participantes, um regulamento inteligente e maior incentivo aos clubes.
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