O futebol brasileiro vem sofrendo profundo desgaste por diversos motivos, ao ponto de o patrocinador master do Vasco da Gama ter cancelado o contrato de R$ 8 milhões por causa dos trágicos acontecimentos provocados por torcedores que entraram em choque com a torcida organizada do Atlético, em Joinville.
Essa notícia deveria acender o sinal vermelho do painel de comando do futebol se existisse inteligência por parte da CBF e bom senso nos clubes. Porém, lamentavelmente, os sinais indicam que o senhor José Maria Marín não está à altura do cargo, ainda mais em momento tão sensível na administração da entidade, logo agora que a Copa do Mundo será realizada em nosso país.
O que está acontecendo no momento, com o baixo padrão técnico da maioria das equipes, ausência de craques, treinadores medalhões com o prestígio abalado, arbitragens insatisfatórias, batalhas campais entre torcedores e a volta das decisões no tapetão, nada mais é do que a síntese do que se verificou nas últimas décadas.
Até que algo melhorou, com destaque às novas arenas construídas para o Mundial e a conscientização para o verdadeiro profissionalismo com a construção de centros de treinamentos, investimentos nas categorias de base e tendência a apoiar os novos técnicos em vez de continuar pagando fortunas para os "professores". Mas, como temos longo caminho a percorrer, deveríamos extrair lições do triste ano que se encerra e do campeonato que insiste em não fechar a última rodada, pois a Portuguesa recorreu da decisão.
Agora sim os cartolas do Fluminense tiveram razão em estourar garrafas de champanhe na vetusta sede das Laranjeiras, pois se beneficiaram de um erro imperdoável do departamento jurídico da Portuguesa, ao contrário do que fizeram em 1997, quando, num golpe no tapetão do STJD, o Tricolor carioca pulou da Série C para a A, sem passar pela B.
A gota dágua para se discutir à exaustão a convivência do futebol com as torcidas organizadas foi a briga em Joinville e a Portuguesa escalando um jogador irregular, o fim da picada. Para o futebol brasileiro, como diria a rainha da Inglaterra, foi "um annus horribilis".
Salvação
A salvação da lavoura e do orgulho nacional ficou com o Atlético-MG, que terá de passar pelo Raja Casablanca para reeditar pela terceira vez consecutiva a final do Mundial de clubes entre um time brasileiro e um representante europeu. O Santos não teve nenhuma chance com o Barcelona, mas o Corinthians superou-se e conseguiu vencer o Chelsea no ano passado. Cuca armou uma equipe competitiva e com ataque respeitável, reforçado com a recuperação física de Ronaldinho Gaúcho que, na sua experiência anterior, foi malsucedido com o Barcelona na derrota para o Internacional.