Cristiano Ronaldo desbancou Lionel Messi como o melhor jogador da temporada. Atrapalhado pelas lesões sofridas, o argentino abriu espaço ao craque português mesmo sem o título espanhol do ano passado no Real Madrid, vencido pelo Barcelona. Quem está com a bola toda na Europa e no mundo é o Bayern de Munique e nem por isso o francês Ribérry foi o vencedor, provocando protestos do compatriota Michel Platini. Tricampeão do troféu como atleta e forte candidato à presidência da FIFA, Platini disse que anda preocupado com a violência que toma conta das ruas, das estradas, dos presídios e, agora, dos shoppings com os rolezinhos.
Em vez de tomar enérgicas providências para resolver os graves problemas que atormentam a vida da população os governantes continuam empurrando tudo com a barriga como se vivêssemos num país abençoado. Não se surpreendam com os protestos que poderão ocorrer durante a Copa do Mundo.
A Fifa não pediu para o Brasil organizar o Mundial, mas foi sensível ao histórico da seleção pentacampeã, reverenciou os grandes talentos futebolísticos que o país revelou através dos tempos e ao charme do então presidente Lula que arriscou tudo, inclusive as contestadas construções, com dinheiro público, das arenas em Manaus, Natal, Cuiabá e Brasília, capitais onde sabidamente o futebol continua incipiente.
A Fifa não deve ser responsabilizada pelas mazelas dos administradores públicos nacionais e muito menos pela exigência do que está contido no caderno de encargos: o famoso padrão Fifa de qualidade. Se tivesse optado pela Inglaterra, Estados Unidos ou outro país com infraestrutura pronta e com menor grau de conflitos sociais, a entidade liderada por Joseph Blatter teria menos dores de cabeça.
Mas se o legado da Copa através de obras com custos corrigidos o tempo todo e atrasos deixa os brasileiros contrariados, a herança dos craques é indiscutível. Tanto que na celebração do prêmio Bola de Ouro, Pelé recebeu justa homenagem, assim como diversos jogadores que se sagraram campeões pela equipe brasileira participaram do evento com destaque.
E o legado dos craques é interminável ao ponto da morte de Eusébio ter parado Portugal na veneração a memória do ídolo maior do Benfica e da seleção lusitana. A ditadura de Salazar sempre foi acusada de contribuir para a disseminação de um racismo generalizado, garantindo-lhe até um absurdo caráter cientifico. As colônias africanas serviam apenas para enviar as suas riquezas até que surgiu Eusébio da Silva Ferreira. A consagração de Eusébio levou o governo a apropriar-se oficialmente da sua imagem como uma figura dominante da cultura popular do país.
O reconhecimento do seu mérito e a apreciação entusiástica que mereceu começou a mudar, mesmo timidamente, a consciência de igualdade racial na sociedade portuguesa.
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