Em 1933, ao assumir o governo dos EUA pela primeira de quatro vezes, o democrata Franklin Delano Roosevelt encontrou o país mergulhado numa inédita crise econômica posterior à queda brutal da Bolsa em 1929 e muito mais grave do que a atual crise que abala a economia mundial e tem desgastado o também democrata Barack Obama que acirrava mais do que nunca a disparidade entre ricos e pobres.
O desemprego alcançou índices inimagináveis para a florescente economia americana, deixando milhões de pessoas na miséria e centenas de milhares de agricultores que vagavam com fome, obrigados a deixar suas terras. Nas metrópoles do país, que em torno da Primeira Guerra Mundial se tornara o mais próspero do mundo, proliferavam favelas.
Hebert Hoover, o presidente republicano que saía, não soubera fazer frente ao problema tanto quanto o republicano George Bush deixou o enorme abacaxi para o sucessor descascar.
Roosevelt assumiu e propôs o "New Deal", o "novo trato", destinado a socorrer o homem esquecido, o cidadão comum mais ou menos desamparado face ao confronto dos mecanismos da livre iniciativa, quando estes perderam o rumo.
Pelo que deu para extrair do noticiário em torno da decisão do governo brasileiro de cadastrar os torcedores do futebol, trata-se da tentativa de um "New Deal" da bola. Ou seja, um novo trato nas relações entre federações, clubes e torcedores. Tudo para tentar diminuir a violência, o tráfico de drogas e a ação dos cambistas.
Os clubes protestam, pois temem a queda de público nos estádios e as casas lotéricas se recusam a servir de guichê para a venda de ingressos, já que assumiram muitas outras responsabilidades.
Acontece que, pelo novo trato proposto pelas autoridades, só entrarão nos estádios os torcedores devidamente credenciados. Consequentemente, os turistas e aqueles que frequentam o futebol eventualmente estarão impedidos de entrar nos estádios. A não ser que sejam abertas exceções, como é comum no cotidiano brasileiro.
Procurando enxergar os pontos positivos da iniciativa do governo, vejo como alternativa a todos os clubes o incremento do sócio-torcedor. Já que as pessoas serão identificadas, surge a oportunidade de sensibilizá-las a associarem-se aos clubes.
Aqueles que abraçaram a idéia estão se dando bem, com destaque às duplas Grenal e Atletiba.
Porém, os grandes clubes do eixão Rio-São Paulo-Belo Horizonte, que não possuem estádios próprios em condições de abrigar expressivo número de associados, posicionam-se contra o movimento.
Cariocas e mineiros dependem de estádios públicos: Maracanã e Mineirão e, os paulistas, da boa vontade do São Paulo em ceder o Morumbi, e da reduzida capacidade do Pacaembu, propriedade da prefeitura. Por isso os demais tradicionais times vivem jogando em cidades do interior paulista.
O novo trato corre risco.
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