O olhar eletrônico

• 0

Finalmente a International Board, organismo da Fifa que trata das mudanças nas regras do futebol, foi sensibilizada pela evolução tecnológica e admitiu instalar câmeras para gravar o momento em que a bola ultrapassar a linha do gol. Ou seja, se a bola não entrar ou se o lance gerar dúvidas, haverá a possibilidade de o árbitro fazer uma análise através do vídeo.

Não é nada não é nada, já é alguma coisa em se tratando de um órgão que sempre se mostrou conservador, reagindo a qualquer tipo de modernismo.

Controlada pelos britânicos – que possuem 50% dos integrantes da Board –, a entidade estuda criteriosamente as novidades e leva longo tempo para tomar as suas decisões. João Saldanha, com seu agudo senso de humor, contava uma historinha a respeito daqueles que ele tratava como os "velhinhos da Board". Eles estavam reunidos num daqueles chiquérrimos clubes privados de Londres, discutindo as leis do jogo de futebol, quando resolveram fazer um tea-break.

Enquanto tomavam chá olhavam pela janela o movimento das pessoas e dos carros na suntuosa Avenida Piccadilly. Silêncio absoluto na sala, ouvindo-se apenas os ruídos das colheres e das xícaras, quando um dos tais velhinhos comentou: "Aquele carro que passou é um Austin 1962". Quinze minutos depois, outro velhinho retrucou: "É engano seu. Trata-se de um Bentley 1965". Mais 15 minutos de silêncio e o terceiro velhinho, revelando sinal de impaciência, sentenciou: "Essa discussão entre vocês está se tornando insuportável...!".

Pois bem, leis centenárias são difíceis de serem mudadas. Especialmente em país sérios que preservam a tradição e, sobretudo, respeitam o povo.

Mas após muitos estudos e até mesmo pesquisas de opinião pública realizadas em algumas cidades européias, a International Board resolveu adotar, logo depois da Copa do Mundo, a novidade da instalação de câmeras digitais de alta resolução na linha de fundo de todos os campos de futebol do mundo.

Menos mal para os bruxos do apito local.

***

Efabulativo: Um dos melhores árbitros na sua época – década de 70 – Eraldo Palmerini, bem sucedido empresário na área de turismo, apitava uma partida quando começou a perceber a reação de um dos bandeirinhas. Bastava o time visitante atacar para o auxiliar levantar a bandeira, mesmo que não houvesse irregularidade no lance.

Palmerini não apitava e deixava a jogada prosseguir, mas a bandeira continuava sendo freneticamente agitada.

Na terceira vez, ele se aproximou do auxiliar e recomendou:

– Se você está sacudindo tanto a bandeira por causa do calor tudo bem, mas se for por outro motivo pode tirar o cavalinho da chuva...