Os protestos de junho serviram para sacudir os governantes e os políticos, mas ainda não sinalizam que mudaram o país para sempre. O que mais se observa é o despreparo, para não dizer leviandade, de nossos governantes.

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No afã de dar respostas prontas e rápidas foi apresentado vasto leque de imprudências, projetos empíricos para reformas políticas, medidas equivocadas e generalizada ausência de ideias para mudar o modo de governar uma das maiores economias do mundo. Mantendo-se a tradicional incompetência administrativa, abuso dos cargos, uso indevido das funções públicas e denúncias de corrupção aqui e acolá.

Um dos aspectos mais negativos é o comportamento dos governadores quanto aos quebra-quebras registrados em praticamente todos os mais modestos protestos sucedâneos do grande movimento popular de junho, especialmente nas duas maiores cidades do país.

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Acossados pelo movimento e despreparados para enfrentá-lo, sem perder de vista as próximas eleições, os governadores impediram que a polícia militar evitasse a destruição do patrimônio público e privado. Soa absurda a tolerância com os atos de vandalismo.

Além da violência nas ruas – domingo um grupo ligado à torcida organizada do São Paulo linchou um torcedor do Flamengo na entrada do estádio Mané Garrincha, em Brasília e a polícia instaurou uma daquelas sindicâncias que acabam não resultando em nada, incentivando novos capítulos de selvageria –, assistimos, desolados, ao espetáculo das obras atrasadas.

O Brasil vai continuar emperrado por muito tempo, se a aceleração do crescimento econômico depender das obras de infraestrutura tocadas pelo setor público ou entregues ao setor privado em regime de concessão ou de parceria. Só para lembrar o que escrevi no ano passado, as obras do contorno em Campo Largo ainda não terminaram e são apenas nove quilômetros.

Atrasos nas obras de aeroportos por onde entrarão milhares de turistas para a Copa do Mundo e a Olimpíada; de geração e transmissão que elevam o risco de apagões e de racionamento de energia elétrica nos próximos anos; investimentos em mobilidade urbana que não saem do papel; estradas mal cuidadas; ausência de sistema ferroviário em grande escala para passageiros deste país com dimensões continentais que, em vez de melhorar o transporte urbano, incentiva a venda de veículos individuais, aumentando o caos no trânsito das maiores cidades.

A Fifa demonstrou preocupação com o atraso nas obras da Arena da Baixada, em Curitiba e, sobretudo, com a possibilidade real de a Arena Pantanal, em Cuiabá, não ficar pronta até o ano que vem. No caso do Atlético, a sua diretoria concordou em adiar a instalação do teto retrátil para acelerar o ritmo dos trabalhos atendendo às necessidades de conforto, segurança e mobilidade dos torcedores durante a Copa do Mundo.

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