Faz parte do folclore dizer que por tudo se paga; grátis só a água.
Dentro de pouco tempo, contudo, haverá uma espécie de pedágio para o uso dos rios e mananciais. O que parece atacar o bolso do povo no último bem em que a natureza tropical é pródiga, é, na verdade, uma exigência dos tempos, do processo de urbanização e do uso da água para a irrigação e para fins industriais.
Os recursos hídricos são administrados meticulosamente na Europa e no resto do mundo industrializado também. No sul da Espanha, por exemplo, há um "tribunal das águas" que data dos tempos romanos.
Estive na árida região da Andaluzia, durante a Copa do Mundo de 1982, e pude constatar o que representa a falta d´água e o calor excessivo. Recordo de uma noite, na qual o sol se escondeu só lá pelas dez horas, pelo horário do verão europeu. A seleção brasileira jogou com a Escócia, em Sevilha, com os termômetros registrando temperaturas de 47 graus Celsius no meio da tarde, baixando para 35 na hora do jogo.
Com aquele calor escaldante e o Brasil tendo goleado os escoceses não deu outra: algumas mulatas brasileiras festejaram o triunfo confraternizando-se com os branquelos, e altamente alcoolizados, escoceses na base da troca do saiote xadrez pela camisa amarelinha. Placar final: escoceses amarelados, bêbados e de cuecas; mulatas brasileiras de saiote o tradicional kilt e, como dizem os portugueses, com as tetas ao léo.
No Brasil paga-se apenas pela água distribuída em áreas urbanas, onde o déficit de serviços de rede é alto e o índice de perdas ou desperdício chega a números terceiro mundistas.
Nas economias industrializadas o índice de perdas é zero ou quase zero.
Mas enquanto houver gente lavando calçada, estaremos encurtando em décadas a ilusão de que o Brasil é país abençoado pela natureza, cheio de recursos naturais inesgotáveis. Não são inesgotáveis e um dia pagaremos caro pelo desperdício.
Bem, saio das águas e entro no futebol, lembrando que o torcedor atleticano é o que paga o ingresso mais caro do país. Claro que não se discute o conforto e a segurança da Arena, porém a qualidade do espetáculo tem a ver com o preço do ingresso.
Com sua fidelidade canina, bem que o torcedor atleticano faz por merecer melhores jogadores vestindo a camisa do time.
E a torcida promete comparecer em grande número para tentar ajudar o Furacão na estréia do Campeonato Brasileiro.
Os últimos resultados foram muito ruins, as eliminações dolorosas e os tempos andam bicudos pelos lados rubro-negros, mas o torcedor sempre acredita que a sorte vai mudar. E pode ser hoje, neste glorioso domingo de Páscoa.
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