O replay do árbitro

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Os ingleses adoram contar uma piada aos turistas. Eles dizem que existem três coisas ruins na Inglaterra: o clima, a comida e as mulheres. O turista ri e ouve a seguir, o complemento: “e o futebol, é claro, embora gostemos dele assim mesmo”.

É verdade: por lá, as mulheres, a comida e o clima são lástimas perenes. Mas o futebol mudou muito.

Há mais de vinte anos começou a enjaular hooligans e limpar sua imagem na Europa. Depois, se organizou empresarialmente com a criação da lucrativa Premier League passando a importar craques como nunca.

A revolução foi um sucesso com a volta dos torcedores pacíficos aos estádios, os patrocinadores investiram mais e a televisão coçou profundamente o bolso. Um exemplo a ser seguido pelo futebol sul-americano, ainda recheado de bons jogadores, mas mal administrado por cartolas envolvidos em falcatruas.

Agora chegou o momento de os ingleses, inventores do joguinho que se transformou no esporte mais popular do planeta, mudarem o conceito da arbitragem. A rigorosa International Board, órgão vinculado à Fifa que discute as alterações nas regras, promoveu algumas mudanças substanciais, com destaque a lei do impedimento.

Diante dos fatos não há como resistir a tentação de recorrer a tecnologia para recuperar o padrão da arbitragem nos jogos.

Algumas das modalidades mais populares, como vôlei, tênis, rúgbi abraçaram o uso das imagens da TV para garantir a lisura do esporte. O sistema batizado com a sigla em inglês TMO (television match officer), algo como juiz de televisão, conta com um fiscal designado para acompanhar a partida dentro de um bunker dotado de inúmeras telas com imagens do campo de jogo. Por meio delas, esse novo auxiliar monitora todos os ângulos captados pelas câmeras que registram a partida.

Só falta a Fifa concordar com a implantação do sistema que ajudará a diminuir a carga de críticas de comentaristas cercados de replays contra o homem do apito contando apenas com os seus olhos para decidir tudo sozinho.

Para uma entidade que não consegue padronizar a arbitragem – cada apitador interpreta o pênalti do jeito que quer – a CBF até que está na frente na parte eletrônica. Esta empenhada em sensibilizar a Board – composta por ingleses, escoceses, galeses e irlandeses, inventores das regras do jogo – para introduzir a modernidade tecnológica da TV no auxilio aos árbitros.

Na contramão a Federação Mineira não puniu o árbitro que sacou uma arma no campo para evitar a agressão. Foi agredido em partida amadora entre Amantes da Bola e Brumadinho. Policial militar, ele reagiu de acordo com o treinamento que recebeu no quartel.