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Com a vitória da semana passada o Atlético entrará em campo, logo mais, classificado, pois tem a vantagem do empate ao mesmo tempo em que sabe o peso do gol marcado fora de casa. Não, não estou dizendo que o técnico Vagner Mancini deve jogar apenas pelo regulamento para classificar o time para as finais da Copa do Brasil. Claro que os trunfos que o Atlético leva para o jogo não podem ser ignorados, mas será necessário que jogue bem, saiba tirar proveito do nervosismo e da pressão que cercam o adversário e procure marcar pelo menos um gol.

Desde os velhos tempos em que os treinadores mais evoluídos usavam botões sobre um campo desenhado na lousa, o futebol passou a ser um jogo de inteligência tática tanto quanto o xadrez, por exemplo. Treinadores e jogadores são obrigados a pensar muito antes e durante as partidas, pois tem de tentar antecipar as jogadas e armar estratégias para as diversas situações que são criadas no curso da disputa. São muitas as incidências durante o jogo e a antevisão do lance é um privilégio de poucos.

Dos botões até a prancheta e desta para os modernos tablets, os técnicos estudam o adversário e projetam o estilo de atuação, mas, como tudo na vida, a teoria na prática é outra. Tem jogador lesionado, jogador expulso, gol bobo sofrido, gol de sorte marcado, enfim um rosário de alternativas que se apresentam, transformando o treinador em autêntico piloto de avião a jato, com poucos minutos para tomar as decisões necessárias para evitar a catástrofe e sair nos braços da galera.

O Furacão conseguiu recuperar a boa técnica no segundo tempo de domingo, quando desenhou uma goleada sobre o Internacional, evitada pela magnífica performance do goleiro Muriel. No primeiro tempo houve apenas vontade, luta e chutões para a frente, com a sorte do cruzamento preciso de Éderson ter encontrado Dellatorre. Certamente a conversa durante o intervalo no vestiário fez com que os jogadores assimilassem as instruções e voltassem a trabalhar melhor a bola, trocando passes e, sobretudo, procurando envolver a defesa contrária com técnica e não com força.

O Grêmio é um time taticamente desorganizado, faz poucos gols e joga na base dos talentos individuais e da vontade de todos em acertar. Mas só vibração não basta e, por isso, Renato Gaúcho – a meu ver um técnico fraco – terá de contar com muitos fatores favoráveis para reverter a situação. Mancini, que não é parente do maestro Henry, mas está com o time afinado, montou o conceito de atuação misturando poucos veteranos com muitos jovens da chamada prata da casa, que se encaixaram harmoniosamente no figurino.

Que o retrospecto favorece os gaúchos e que será uma partida duramente disputada, não resta dúvida, mas as chances de o Furacão chegar à final pela primeira vez não podem ser desprezadas.

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