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Para muitos, a deusa da História cultiva a ironia, às vezes com requintes de perversidade. Há uma semana, na final da Copa da Alemanha, todos se surpreenderam com o desconcertante gesto de Zidane. Logo ele, o melhor de todos e aquele que mereceu como poucos o título de o mais eficiente jogador da Copa. Jogando o fino da bola, com ritmo, vontade e alta categoria, Zidane encheu os olhos dos amantes do futebol.

Mas ninguém esperava uma atitude tão intempestiva e tão estúpida quanto aquela, ao desferir uma tremenda cabeçada no peito do zagueiro Materazzi que, segundo relatos, teria ofendido a honra da irmã do craque francês.

Para quem conhece futebol, ou pelo menos joga uma gostosa peladinha de fim de semana, sabe que são comuns as provocações e os xingamentos durante uma partida. Os próprios árbitros, alvos preferidos dos destemperos e das paixões das arquibancadas, afirmam que todos possuem duas mães: a verdadeira, no recato do lar e, a mãe do futebol, vilipendiada pelas torcidas, pelos jogadores e, não raras vezes, por dirigentes.

França e Itália nutrem antiga rivalidade. Muito antes dos primeiros chutes na bola no campo das corridas de pálio, em Siena, naquilo que se convencionou chamar de calccio, italianos e franceses alimentaram grandes disputas. Ora pelo poder, ora pelo domínio das artes, ora pela primazia da melhor culinária ou mesmo em guerras papais para o exercício do poder canônico.

O italiano Napoleoni Buonaparti, nascido na ilha de Córsega – na época domínio francês – ao mudar-se para Marselha tornou-se Napoleon Bonaparte para virar general, depois imperador, criador de uma dinastia e atualmente nome de um belíssimo conhaque que só aquela gente sabe fazer. A italiana Catarina de Médici, deixou a ensolarada Florença para casar com o rei da França levando a tiracolo 75 cozinheiros que ensinaram delícias culinárias aos franceses, inclusive a introdução dos molhos e dos talheres.

Materazzi teria dito palavras desonrosas sobre a ex-modelo Lila Zidane, irmã do craque, que mora em Turim para onde foi com a familia quando ele jogou na Juventus. Sabem como é, Turim não é uma cidade muito grande e fofoqueiros existem em todo lugar. Mas Zidane, tomado por fluídos morais e sobrenaturais, não quis saber e com certeira cabeçada derrubou o beque italiano, sendo expulso de campo.

Se fosse aqui, Zidane teria recebido o apelido de "Bode atômico", o mesmo do atacante Dionísio do Flamengo que, na década de 70, aplicava cabeçadas monumentais.

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