Como veterano cronista esportivo, coloco-me, muitas vezes, no lugar do farmacêutico que atende o freguês no balcão, cada um carregando a sua dor, a sua dúvida e a sua esperança.
Só que a responsabilidade do farmacêutico é muito maior, pois trata da saúde do povo e atua sob rígidos controles de entidades reguladoras do governo.
Ao atender um ouvinte ou um leitor que solicita opinião sobre determinado tema, procuro responder com objetividade e sinceridade, sem me preocupar com a reação do paciente, digo, do torcedor.
Como existem remédios para todos os males, existem opiniões para todos os assuntos.
Como na vida, o apaixonado por um time de futebol vive de informações, de mensagens, de apoios, de indicações ou, em última análise, de panaceias que o tranquilizem. Por isso, o fanático é um eterno sofredor.
Panaceia, como se sabe, era a deusa da cura na mitologia grega que possuía remédio para todos os males, capaz de curar todas as enfermidades.
Chegando à nona rodada com um mísero ponto ganho, apenas dois gols marcados e na última colocação, o Atlético desenha a sua pior performance em todos os tempos no Campeonato Brasileiro.
A pergunta recorrente é se existe remédio capaz de salvar o time atleticano do completo desastre.
Como não tenho vocação para Paracelso, Cagliostro, Galeno ou qualquer inclinação para a arte da prestidigitação, prefiro ficar com os fatos.
A campanha indecorosa do Atlético nesta temporada é resultado da soma de todos os erros cometidos na gestão do departamento de futebol.
Só que não é de hoje que o clube vem padecendo dessa grave deficiência que atormenta e machuca o coração de milhares de torcedores. Vamos aos fatos: após a conquista do título estadual e do vice da Libertadores em 2005, o Furacão só conseguiu dar alegria ao ficar com o título paranaense de 2009.
Convenhamos que, para um clube com a sua tradição, patrimônio, quadro social, arrecadação e recursos mercadológicos, apenas uma tacinha em seis anos é um saldo pífio.
Claro que neste ano os dirigentes exageraram na dose e cometeram equívocos em cascata, provocando esse verdadeiro clamor da torcida.
Foram tantas as mudanças de dirigentes no departamento, troca de treinador a cada 40 dias, contratações desastradas, listas de dispensas, acúmulo de maus resultados e poucas perspectivas de recuperação que o remeteram a esta dramática situação.
No desespero, foi contratado o técnico Renato Gaúcho, personagem marcante com passagens que entraram para o folclore do futebol brasileiro. Renato Gaúcho possui o remédio salvador?
A torcida esta dividida, mas todos rezam para que dê certo.
Como aquele farmacêutico, prefiro ser cauteloso, pois está em jogo a saúde do paciente.