Começo de ano é tempo para reflexões e de projetar o que vem pela frente.

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Quando os fatos da vida corrente parecem amargos ou difíceis, as pessoas, tanto quanto as nações, procuram fugir deles por dois caminhos diversos: ou buscam refúgio no passado, ou tentam escapar para o futuro.

Cada uma das duas vias tem suas virtudes e seus defeitos. O recurso do passado costuma ser preferido pelas pessoas maduras, mais vividas. O passado é amplo continente, o que permite a cada refugiado, ou a cada grupo de refugiados, escolher o cantinho de sua preferência.

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Mas essa fuga para trás, embora cômoda e quase compulsiva, tem seus defeitos: em geral implica em uma boa dose de passividade, retraimento e conformação. Já a tendência a escapar para o futuro exige mais criatividade e mais energia. O futuro precisa ser inventado, redescoberto, revelado. É a terra do tudo possível. Quase um paraíso utópico que alimenta os sonhos de cada um. Talvez por isso o escapismo futurista seja o preferido entre os mais jovens ou entre os imaturos de todas as idades.

Os jovens, por definição, são menos experientes e mais audazes. Seu passado pessoal é mais curto e guarda menores recordações, boas ou más. Alguns poetas trataram das saudades da infância. Outros, mais radicais, ajudados pelo doutor Freud, gostariam de recolher-se ao ventre materno como proteção das incertezas do mundo.

Mas essas opções parecem não encantar a maioria da juventude brasileira que, apesar das dificuldades do começo da vida profissional em um país sem políticas públicas definidas e bem claras, continua a ser em geral saudável e vigorosa.

Na verdade, é necessário sonhar. Ao contrário da fuga para o passado, a opção favorita dos jovens tende a ser ativa e atuante. Trata-se de apressar o tempo e a história, derrubando barreiras e fazer chegar a hora o quanto antes.

As duas alternativas são interessantes, a passadista e a futurista, pois tendem a misturar-se e somar-se para aumentar o ludismo dos homens.

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No plano das ilusões humanas, poucos campos são tão férteis quanto o futebol.

Armazenando todas as paixões e algumas das melhores sensações humanas, o futebol constitui-se em vasto terreno para a investigação das ações e reações do indivíduo.

Na arquibancada de um estádio, apresenta-se o rico painel para todo tipo de análise comportamental. É ali, na grande arquibancada da vida, que se observa o que há de mais puro e singelo na alma humana.

O torcedor, saudosista ou futurista, vibra e sofre com as mesmas jogadas, com os mesmos gols, com as mesmas vitórias e com as mesmas derrotas.

Na ilusão do futebol são mostradas as verdadeiras faces do homem.

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