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O futebol festeja os 70 anos de Pelé – o melhor jogador de todos os tempos, o maior artilheiro mundial, o que foi mais vezes campeão e o único atleta a participar da conquista de três copas do mundo.

Tive o privilégio de ver Pelé jo­­gar diversas vezes ao vivo e muitas vezes pela televisão, de entrevistá-lo, de narrar dezenas de jogos em que ele atuou e de ter almoçado e jantado com ele em épocas diferentes. Sempre educado, simples e carismático.

Pelé fazia em campo, com perfeição, o inesperado. O que parecia difícil, impossível para a maioria dos jogadores, ele simplificava e rea­­lizava beirando a genialidade. Tornou-se rei do futebol pelos gols e pelas conquistas no Santos e na seleção, mas fundamentalmente pela arte de jogar ao mesmo tempo com leveza e força. Leveza no to­­que de bola e força no arranque e na disputa pela posse de bola.

Conseguia fazer imprevista­men­te a jogada, sempre objetivando a marcação do gol. É discussão ociosa tentar compará-lo a qualquer outro craque. Nem mesmo com foras de série como Di Stéfano, Garrincha, Cruyff, Zico, Maradona, Zidane, Ronaldo, afinal cada um teve a sua característica e Pelé so­­mou todas as virtudes do grande jogador, praticamente sem defeitos aparentes ao longo de sua ex­­traordinária carreira.

Há lembranças mais fortes de quem viu Pelé em ação, menos precisas em outros, mas existe a memória eletrônica. Até nisso Pelé deu sorte. Existem registros de centenas de jogadas espetaculares e gols antológicos seus gravados em filmes, teipes ou DVDs.

Chega a ser emocionante ver Pelé aos 70 anos com aquele ar ju­­venil no rosto, ainda como um dos garotos-propaganda mais requisitados do país e com enorme conceito na maioria dos países por on­­de passou, seja como atleta exibindo arte inigualável ou como em­­baixador do futebol.

Os brasileiros devem agradecer por Pelé ter nascido aqui, pois foi graças a ele que o nosso futebol se transformou em potência a partir de 1958 com a sua presença, emoldurada por uma geração de jogadores verdadeiramente de ouro.

Paranaguá

Pelé participou de um amistoso do Santos com o Rio Branco, realizado em 20 de julho de 1957, no Estádio Nelson Medrado Dias, a Estradinha.

O Santos visitou Paranaguá na condição de bicampeão paulista e venceu o confronto por 3 a 2, tendo Pelé subs­­tituído Del Vec­­chio no se­­gundo tempo. Ele não marcou gol.

O médico Alexandre M. Sh­­wetz, que era menino, assistiu à partida ao lado do seu pai e re­­corda que o substituto de Del Vec­­chio foi anunciado como "Ga­­solina", apelido que lhe deram porque sempre se colocava à disposição dos companheiros que tinham automóveis para encher o tanque no posto de gasolina.

Logo em seguida, ele explodiu como fenômeno no Campeonato Paulista. Um ano depois, voltou campeão mundial da Suécia consagrado como Pelé, o Rei do Fute­bol.

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