A União Européia de Futebol, em conjunto com organismos políticos e policiais de todos os países, anunciou o início de uma larga operação que tem como objetivo investigar os multimilionários negócios do futebol.
Acontece que nos últimos anos, com a mudança na legislação esportiva, na Lei do Passe e com a supervalorização dos jogadores, muita coisa anda acontecendo. Coisas para o bem e para o mal.
Na verdade, o futebol europeu passará por um pente-fino para ver quem é quem nas transações de jogadores e negociações com patrocinadores e redes de televisão. Também serão tratados casos de corrupção, compra de árbitros, atuação de agentes credenciados pela Fifa e a situação financeira dos clubes, que devem funcionar como empresas.
Até maio as autoridades deverão apresentar um relatório, tendo como líder do processo o ministro dos Esportes de Portugal, José Luis Arnaut, que conta com o apoio dos principais governos da comunidade européia.
O objetivo final é punir aqueles que praticaram irregularidades, ao mesmo tempo em que se pretende estabelecer nova regulamentação para determinar como o futebol deve ser gerenciado.
Bem, tudo isso está acontecendo na Europa, enquanto por aqui continua a maior bagunça, com os clubes cada vez mais atrapalhados em suas finanças e os agentes de jogadores mais poderosos, mais ousados e muito, muito mais ricos. A Lei Pelé transformou o futebol brasileiro em muitos aspectos, mas no que se refere ao chamado direito federativo dos atletas, a coisa está ficando cada vez mais complicada para os clubes.
Lamentavelmente, os dirigentes brasileiros ainda acreditam que resolverão os problemas dos clubes com Timemania ou outras promoções. E foi muito pretensiosa a idéia de que os defeitos do futebol brasileiro seriam consertados por medida provisória.
Da mesma forma que se cometeu o equívoco de que os dirigentes seriam substituídos por pressão de CPIs, criou-se o Estatuto do Torcedor, que poucos respeitam.
É preciso, como se fará na Europa, uma grande reforma para restabelecer o direito de os clubes manterem orçamentos equilibrados, livres de absurdos ônus tributários e fiscais, espaços para limitar a atuação de agentes, empresários e atravessadores que fazem a cabeça dos jogadores, impostos por leis divorciadas da realidade brasileira.
A lei atual transformou-se no paraíso dos empresários, madrasta dos clubes e algoz dos jogadores que não atingiram o estrelato, muitos sem contrato e sem emprego. Os empresários só têm olhos para os craques valorizados, enquanto que os clubes cuidavam de todos com mais igualdade.
Muita coisa precisa mudar por aqui, antes que muitos clubes comecem a fechar as portas.