Por mais que a imprensa apresente matérias retrospectivas em torno do Atletiba, procure personalidades do passado, mostre estatísticas e tente motivar o torcedor, a realidade é que até agora o primeiro clássico decisivo não mexeu com a cidade.
Ao contrário dos anos anteriores, quando a simples menção do Atletiba provocava os torcedores dos dois lados com avaliações, prognósticos e, sobretudo, acaloradas discussões, desta feita só os mais fanáticos conseguem se debruçar sobre o jogo.
O clássico perdeu o charme neste campeonato quando a diretoria do Atlético preferiu ignorar o valor do título estadual, mandando escalar uma equipe de jovens para representá-lo. Após um primeiro turno tecnicamente sofrível, o sub-23 atleticano entrosou e melhorou de rendimento ao ponto de bater o próprio time principal do Coritiba em jornada plena de superação dos comandados de Arthur Bernardes que, na partida seguinte, voltaram ao padrão normal e acabaram goleados pelo Operário, em Ponta Grossa.
Ficou a dúvida entre os simpatizantes rubro-negros sobre o espírito do time que estará em campo na primeira partida decisiva: aquele coeso e vibrante do triunfo sobre o Coxa ou o grupo desencontrado da derrota para o Fantasma?
Além de menosprezar o campeonato e de não ter negociado a verba oferecida pela RPC para a transmissão de seus jogos, a diretoria também iniciou uma cruzada contra a mídia local, proibindo os profissionais de darem entrevistas ou declarações.
O associado e o torcedor atleticano encontram dificuldades para informar-se através dos órgãos de maior audiência, procurando notícias nos releases oficiais, na emissora de rádio contratada como "a voz do dono" que é o dono da voz, comentários anódinos que não satisfazem a maioria dos ouvintes, notas produzidas pelo site do clube, entrevistas programadas para a bajulação, enfim uma indisfarçável assepsia da notícia, própria dos regimes autoritários.
Diante disso, o Coritiba acabou colocado em posição constrangedora, pois encarou o campeonato com seriedade, reforçou o elenco com destaque ao retorno do craque Alex e, por circunstâncias peculiares do jogo, não conseguiu conquistar o título de forma direta. Não deixou de ser um baque para os seus aficionados, afinal, com o principal rival desinteressado pelo título; o Paraná caindo pelas tabelas, diante dos seus intermináveis dramas financeiros; e os demais sem recursos técnicos para ameaçá-lo, sobrou o Londrina com uma campanha linear, entretanto sem pegada nos confrontos decisivos com o Coxa tanto na decisão do turno quanto na definição do campeão do returno entre ele e o Atlético.
Domingo o Coritiba entrará em campo com a responsabilidade de confirmar seu favoritismo, mas vai escaldado pela experiência negativa de 15 dias atrás.
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