Estamos assistindo a um espetáculo deprimente na vida pública brasileira, no qual muitos políticos parecem ter perdido o pudor exercitando o poder de forma absoluta.
Eles não se envergonham mais com as críticas, dão de ombros para questões éticas ou morais e seguem em frente na busca dos seus objetivos.
O triste nisso tudo é que a ciência política é bela e está presente em todas as atividades daquilo que se convencionou chamar de engenharia humana.
O simples ato de conversar com alguém é um ato político e, por isso, praticamos política cotidianamente sem perceber. Ou seja, igrejas, empresas, clubes, sindicatos, enfim tudo o que conhecemos depende da política. E a política pode ser desenvolvida das mais diferentes formas, dependendo da vocação ou da tendência do organismo.
Um clube de futebol, por exemplo, tem a sua política voltada para o entretenimento e o lazer do torcedor que, em ultima análise, é o seu público-alvo e consumidor natural. Ao identificar-se com um time, o torcedor passa a incentivá-lo, assistir aos jogos e adquirir os produtos a ele relacionados.
A política existe desde a antiga Grécia, e Platão foi o primeiro, e talvez o último, a sustentar que o estado deve ser governado não pelos mais ricos, os mais ambiciosos ou os mais astutos, mas pelos mais sábios.
Lamentavelmente, na prática não é assim que funciona.
Em algum dia de 1513, depois de ter sido deposto, preso e condenado ao exílio, o político e diplomata florentino Nicolau Maquiavel começou a escrever nessas tristes condições um livro em que dá conselhos a um monarca imaginário. Foi a obra inaugural da moderna teoria política.
O Príncipe é um manual que ensina como conquistar e, principalmente, como manter o poder absoluto. Sem socorrer-se da moral cristã, o ateu Maquiavel propõe um vale-tudo que inclui desde o recurso à fraude até o emprego de métodos violentos contra o inimigo político.
Chanceler, chefe de missões diplomáticas e secretário de relações exteriores da República de Florença, Maquiavel era burocrata bem situado e redator de documentos oficiais.
"O Príncipe" é uma obra de fácil leitura e nela seu autor frequentemente se vale do sarcasmo e da ironia, sem cair na vulgaridade, mesmo quando prega sem meias palavras o amoralismo na política e a conquista de um objetivo, seja lá quais forem os meios usados daí a existência do adjetivo maquiavélico.
O brilhante conselheiro do príncipe inescrupuloso César Borgia acabou perdoado e protegido pela monarquia dos Médici, mas excluído da atividade política.
Morreu pobre e amargurado.
A política e o esporte brasileiros abrigam diversos espécimes com inspiração em Maquiavel.
Lutam pelo poder a qualquer preço e continuam se beneficiando da proteção oferecida pelo manto sagrado da democracia, na política e pelo falso amor clubístico, no esporte.
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