Desde os anos 20 do século passado o futebol e o rádio trilham glorioso caminho paralelo.
O jogo pela identidade com o povo, tornando-se uma prática comum nas escolas, nos terrenos baldios, nas ruas e, é claro, nos campos apropriados com marcação oficial do gramado, redes nas metas e, se possível, um árbitro.
O rádio por ter se transformado no mais querido e popular veículo de comunicação através do qual o país interligou-se ajudando, entre outras tantas coisas, a manter a unidade idiomática diante das suas dimensões continentais e influências culturais de cada região.
A Rádio Nacional do Rio de Janeiro, que reinou absoluta até a metade da década de 60, informou, noticiou, instruiu, divertiu e descontraiu milhões de pessoas através das suas ondas hertzianas com penetração em todas as regiões do país.
Foi através das transmissões esportivas dos seus jogos que os principais times cariocas alcançaram realce nacional, arrebatando aficionados em todos os estados, especialmente na faixa litorânea onde a propagação das ondas médias era mais intensa.
Com o aumento de potência das emissoras paulistas o futebol daquele estado também conquistou milhões de simpatizantes, coincidindo com o surgimento de craques extraordinários que arrebataram os torcedores de forma mais direta através das transmissões em ondas curtas.
Aqui, a Rádio Clube Paranaense desempenhou papel preponderante na difusão dos acontecimentos locais, interligando o estado com a sua eclética programação, tendo especial cuidado nas jornadas esportivas.
Tive o privilégio de transmitir partidas de futebol durante muitos anos pelas potentes ondas curtas e média da famosa PRB-2, conquistando ouvintes em quase todas as cidades do Paraná.
Fiz parte de uma geração de narradores extraordinários como Machado Netto, Silvio Ronald, Willy Gonser, Aloar Ribeiro, Barros Junior, Ney Costa, Aírton Cordeiro, Fuad Kalil, com os quais aprendi muito e procurei seguir. Como dizia Armando Nogueira "Copiar o bom é melhor do que inventar o ruim".
O rádio sempre teve o poder mágico de alimentar a imaginação do ouvinte.
Foi através do rádio que o torcedor se emocionou com as conquistas dos grandes times e da seleção brasileira. Mesmo sem jamais ter visto ao vivo monstros sagrados como Didi, Garrincha, Pelé e outros, o torcedor sabia de cor e salteado todas as jogadas e firulas espetaculares de cada um. Tudo graças as empolgantes transmissões dos precisos locutores que sabiam valorizar o espetáculo.
Por isso, o futebol tem um preito de gratidão eterna com o rádio, cuja história foi contada no livro Ondas curta e média sem delonga, escrito pelo radialista Renato Mazânek.
O lançamento será amanhã, as 19h30, no Palacete dos Leões na avenida João Gualberto. Quem ama o rádio não pode deixar de prestigiar.
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