Diante das circunstâncias do atual futebol brasileiro, no qual os melhores jogadores acabam indo embora logo que surgem com destaque, não se pode mais exigir boa técnica em todos os jogos.
É uma triste constatação, afinal, uma das melhores coisas do futebol é exatamente a beleza técnica. Sendo assim, a maioria dos jogos tornou-se enfadonha e só agrada mesmo para quem torce para algum dos litigantes em campo.
Apenas com algum tipo de envolvimento emocional dá para suportar determinadas partidas do começo ao fim.
Quem torce não está nem aí para a técnica ou para o espetáculo, mas unicamente interessado no resultado final e, é óbvio, na vitória do seu time de coração.
Os técnicos brasileiros mais inteligentes infelizmente a minoria já perceberam que pela escassez de melhores opções no mercado futebolístico, a solução é trocar a técnica refinada pela eficiência. Há uma grande diferença na forma como os dois conceitos se expressam.
Na última Copa, por exemplo, a marca da Espanha foi o toque de bola no meio de campo. Para chegar ao título a seleção espanhola não fez aquela troca de passes sem técnica, pois contou com jogadores de categoria como Iniesta, Xavi e outros, mas sempre esteve voltada para o principal efeito de controlar o jogo, não deixar o adversário armar as jogadas e ter a posse de bola. Ou seja: algo mais tático do que técnico. Outras seleções, como Alemanha, Argentina e até mesmo o confuso Brasil, tentaram, mas não tiveram a mesma eficiência.
Quem mais se aproximou da campeã, e por isso mesmo chegou à final, foi a Holanda. Contou com jogadores de alta qualidade técnica, como Sneijder e Robben, mas foi excessivamente pragmática, abusando da pegada na marcação, tanto que deixou de ser uma equipe encantadora ao trocar a técnica pela violência.
Aliando técnica e eficiência, a Espanha mereceu ficar com o título de campeã.
Voltemos ao nosso futebolzinho caseiro que, apesar de tudo, mexe com a torcida, primeiro, pela rivalidade entre os principais times, depois, pelo equilíbrio e pela apreciável quantidade de times que disputam o título, as vagas nos torneios continentais, além, é claro, da desesperadora luta contra o rebaixamento.
Por isso, como a maior parte das equipes não reúne técnica elevada, a eficiência passa a ser a principal arma para a conquista de vitórias e, consequentemente, melhores colocações no Campeonato Brasileiro.
Com poucos jogadores que desequilibram os jogos, restou aos treinadores dar ênfase ao sistema tático e à aplicação em campo. Mas não custa tentar preservar resquícios de boa técnica.
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