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O jogo de ontem foi, no mínimo, atípico para a seleção brasileira.

Recordes foram superados, a seleção goleou, chegou às quartas-de-final e, apesar de tudo isso, pela primeira vez passou a maior parte do tempo levando vaias do público que esteve no estádio em Dortmund.

Tratemos primeiro dos recordes, depois dos motivos que provocaram as vaias da torcida.

A seleção completou a sua décima primeira partida vitoriosa em mundiais, Cafu tornou-se o brasileiro com maior número de participações em jogos de Copa do Mundo e Ronaldo tornou-se o recordista de gols na história de todas as copas.

Dida foi o melhor jogador brasileiro em campo e só isso explicaria as razões do desagrado da platéia e dos protestos. Não fossem algumas intervenções do goleiro e Gana teria marcado um ou mais gols, pois teve maior domínio das ações, apresentou-se melhor no plano coletivo e jogou com muito mais aplicação. Para completar os azares africanos, a arbitragem deixou de marcar o impedimento de Adriano no segundo gol e exagerou na apresentação dos cartões amarelos.

O Brasil voltou a apresentar aquele futebol frio e descosido das partidas contra Croácia e Austrália porque retornou com a mesma escalação e com ritmo lento na saída de bola para o ataque. Tudo porque Cafu e Roberto Carlos não conseguem apoiar com a mesma qualidade do passado – ambos desperdiçaram chances de gol incríveis – e, como perderam o vigor, não fazem a passagem da bola na velocidade exigida pelo futebol moderno. Ao contrário, Gana jogou com rapidez e muita movimentação, pecando, contudo, nas finalizações.

Com problemas na meia-cancha e com os dois avantes ocupando o mesmo espaço, restou a seleção brasileira contar com a fragilidade da zaga adversária e com a habilidade de seus principais jogadores para a construção do escore que garantiu a vitória e, consequentemente, a classificação.

Mas, além da má performance dos alas Cafu e Roberto Carlos, os meias Kaká e Ronaldinho Gaúcho também renderam menos no conjunto. Aliás, chegamos a quarta partida e Ronaldinho Gaúcho vai se constituindo na maior decepção do mundial. Apático em alguns lances, desatento em outros, ele, que é considerado o atual melhor jogador em atividade, continua jogando abaixo das expectativas.

A verdade é que ficou bem claro que, para chegar ao título, Parreira precisa acertar na escalação, corrigir o desenho tático e o time jogar com mais criatividade e desenvoltura.

Daqui para frente será cada vez mais difícil.

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