Em tempos de politicamente correto, nem o velho e bom futebol conseguiu escapar dos modismos.
A nossa sociedade sofreu tantas transformações nas últimas décadas e foi açoitada por incríveis novidades tecnológicas que aumentaram a capacidade de comunicação entre as pessoas e diminuíram as diferenças entre os povos, que as experiências pessoais são passadas na hora, on-line como se diz modernamente.
Essa mesma sociedade se encontra num estágio evolutivo que parece não fazer mais sentido falarmos em perdedores. Os americanos criaram esse tipo de preconceito, pois o perdedor loser é visto como um ser estigmatizado que, por isso mesmo, tem de ralar para melhorar, deixar de ser bobo e tentar aproximar-se o quanto antes dos vencedores.Esse incentivo ao esforço para aprimorar-se tomou conta das pessoas que, cada vez mais, procuram crescer em todas as frentes culturais e profissionais. Não só na vida cotidiana mas, por exemplo, nos jogos de futebol. Os torcedores não conseguem mais receber os insucessos com naturalidade, manifestando-se, não raras vezes, com agressividade.
Ao fim de um clássico ou de jogo decisivo, observo a reação das arquibancadas com uma metade deixando o estádio festejando e outra metade voltando para casa com os olhos vermelhos de dor.
Mas não deveria ser assim, afinal vitórias e derrotas fazem parte da vida e, por extensão, das atividades esportivas. No esporte não pode existir dois vencedores e como apenas um chega lá, os demais concorrentes necessitam, obrigatoriamente, resignar-se e tratar de melhorar para a próxima competição.
Se não entendermos dessa forma o futebol enfrentará problemas mais graves na esfera da segurança pública em dias de clássicos. Da mesma forma que surge imperioso manter a ordem nos estádios e nas ruas, o vencedor tem o direito de comemorar sem ser molestado.
Nesse sentido, se não forem preservados os direitos adquiridos, logo, logo será proibida qualquer comemoração de gol que, mesmo remotamente, possa ofender o lado que acabou de sofrer.
Já existem jogadores que apelam para a ignorância quando levam uma caneta ou um drible desmoralizante, alegando que o autor anda extrapolando na sua arte de jogar futebol.
Nada de goleadores sacando revólveres imaginários, dançando a dança do chuchu na serra, socando o ar ou fazendo coreografias com os companheiros. O gol já é, para quem vai buscar a bola no fundo das próprias redes, uma provação dolorosa e convém não potencializá-la.
Mas do que adiantará ser vencedor sem poder brincar com o perdedor?
O folclore do futebol reside exatamente em torno das gozações que os amigos promovem no dia seguinte.
Não esperem que o centroavante marque o gol e ajoelhe-se diante do goleiro adversário batido, em sinal de humildade e respeito.
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